8.2.05

Sócrates & Portas (sem insinuações)

Pois é. Depois das insinuações que não interessam, Sócrates e Portas começam a insinuar-se um ao outro naquilo que de facto nos interessa.

Portas já tinha dito que a estabilidade e os compromissos externos de Portugal não podiam ficar a depender do Bloco ou do PCP. Com isso querendo dizer que lá teria de ser o CDS a fazer o "frete"

Agora foi Sócrates que veio comparar pela positiva a campanha de Portas com a de Santana. O elogio até foi injusto porque Portas também tem usado os meios do Estado para fazer campanha(Por exemplo as cartas enviadas aos ex-combatentes).

Mas o problema não está no elogio ter sido justo ou injusto. É que neste momento, não há elogios ou críticas que não sejam previamente ensaiadas e não tenham uma intenção.

As de Sócrates podem ser duas:

(1) Criar mais problemas entre a coligação: aumentando a desconfiança do PSD em relação ao CDS.

(2) Começar a preparar terreno para mais tarde dar "credibilidade" junto do eleitorado do PS, uma aliança com o CDS. Aliás não duvido que caso o PS não tenha maioria absoluto seja isto que vai acontecer.

Porque é de facto mais fácil negociar um acordo com quem – a excepção da questão do aborto – não tem convicções políticas nenhumas e vai mudando o discurso em função da maré e procurado manter a cabeça fora da água.


Já era de prever essa aliança. Este Sócrates sobre o qual, só sei que nada sei, porque ele nada me diz (e quando diz, não gosto) – e este PS que comanda o PS, com certeza não são de esquerda. São, quando muito, um partido “para-a-frentista” sensivelmente permeável a algumas ideias de esquerda. Se vierem a aliara-se ao CDS então muito poucas dessas ideias sobreviverão.

O problema a meu ver é que se Sócrates continua com estes elogios corre o risco de perder muitos eleitores que possam estar indecisos entre o PS e o BE. Mas, se calhar (provavelmente) Sócrates não está interessado. O seu discurso é de centro. Os eleitores que quer captar são de centro. Foi assim que ganhou o PS e é assim que pensa ganhar o país.

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