17.8.04

Amanhã levantamo-nos cedo

Pecaminoso se torna o caminho da escrita que, fadada ao fracasso, ousa em traduzir a vida em palavras: O que diz um beijo? O que diz o sol ao deitar-se? Qual o sabor de uma nuvem ? Qual o cheiro da saudade? Qual a cor do devir? Qual o som da eternidade?
Pouco importa para quem escreve falar de essência, quando é a estética quem ordena —quando é a musicalidade que enche o olhar. O que me traz aqui, o que leva a escrever? Não faz sentido, pelo menos um, que a razão o saiba. A semântica da estética não está em ser a questão, mas a resposta.
As nossas vivências são como uma doce cortesã que nos inicia, e nos incita, por vezes até em sonhos nos excita, para vida; sem ela nada seriamos. Elas são as lentes do nosso olhar. No Abre-Surdo procuramos partilha-las.

Ah, tanto se escreve para adormecer o olhar!

Mas esta sonolência nasceu antes da madrugada. Antes do sol raiar, já o homem, ávido da verdade, havia escoltado os seus segredos para as margens do silêncio.

(H)Á sombra de uma palmeira um homem medita sobre os destinos da humanidade.
Um pouco de sombra não nos faz nada mal. Habitemos.
E qual o pecado da escrita? Ousar.

- Acorda Horácio, já são horas! Amanhã levantamo-nos cedo.

Assim Habito
Horácio.

1 Comments:

At 12:18 AM, Blogger Sacha said...

Obrigado bro por este artigo, esta homenagem ao Abre?Srudo e a nossa vontade de escrever como forma de, sobre a sombra, repousar da vivência diária. O Abre-surdo poder ser essa "casa", o local onde escrevemos, repousamos, habitamos.

 

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