7.9.04

... o Ser e o Nada são amigos

(...)
Se alguma dialéctica me resta, ela é instável e inominável: inacabada. O seu segredo é a ambiguidade, a coabitação e concomitância dos meus extremos. É neste movimento que habito, é neste solo ante predicativo onde o meu corpo vive, aberto ao mundo. A opacidade e a contingência fazem parte do seu mistério. Antes de o pensar, o sinto.
Nunca gostei de “dialécticas embalsamadas”, doce expressão de Ponty. Quem disse que o pensamento não tem sabor? Quem disse que a consciência não tem tempo? Que os conceitos não têm cheiros? Que existe mundo para aquém da experiência?
Inventam-se categorias para fugir ao vazio; o horror ao nada ainda nos aflige.
Em mim, no meu corpo, o Ser e o Nada são amigos.
(...)

obs: retalho de um escrito a publicar.

Assim Habito
Horácio.

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