16.1.05

Coisa Lidas: O render das armas por Nuno Pacheco

Quase dois anos depois de Colin Powell ter assegurado, perante a assembleia da ONU, que o Iraque possuía armas de destruição maciça (exibindo a tal minúscula cápsula que se tornou famosa) os Estados Unidos desistiram, oficialmente, de procurar tais armas no Iraque. Não o fizeram por cansaço ou fraqueza, mas certamente por estarem convencidos de que o Iraque não possui, de facto, tão temíveis armas.

(…)

Houve também uma guerra, muitos mortos, um país ainda a esbracejar no meio do caos, a experimentar umas eleições tumultuosas por onde a morte espreita, e, sobretudo, a sensação de que a insegurança é agora ainda mais planetária do que antes de as tropas marcharem, gongóricas, rumo ao Iraque.

(…)

agora, com o passar dos meses, com a banalização da violência em território iraquiano (as mortes diárias quase já nem são notícia), é apenas mais um episódio nos caminhos ínvios da política internacional, onde as cinzas das vítimas já começam a ser passado e onde continua a ser difícil vislumbrar heróis. Mesmo assim, o porta-voz da Casa Branca Scott McClellan, admitindo que ao longo de 12 anos foram recolhidos elementos "que se revelaram falsos", reafirma que "o regime [de Saddam] tinha a intenção e as capacidades necessárias no que respeita a armas de destruição maciça". O facto de não as ter construído será, pois irrelevante. Quantos países poderiam, ainda, ser invadidos ou bombardeados com base neste raciocínio? Não seria hora de os Estados Unidos admitirem, sem falsas desculpas, as suas responsabilidades neste caso?

Nuno Pacheco, no Publico

1 Comments:

At 11:58 PM, Blogger ELCAlmeida said...

E não foi José MAnuel Fernandes, director do Público, um dos que, em público, mais defendeu a posição dos EUA na questão iraquiana.
Provavelmente mais um jornalista do Público que vai à vida; salvo se for um comentarista... e mesmo assim não sei.
ELCAlmeida

 

Post a Comment

<< Home