Lendo Pierre-André Taguieff
O termo «democracia» só faz sentido no plural: há democracias porque há povos, nações, comunidades políticas. (….) A ideia de uma democracia única é uma abstracção vazia ou então a expressão de uma perigosa utopia imperial, baseada no sonho de um império planetário governado por superoligarcas, casta de impostores supremos que celebram o culto da Democracia, depois de se lhe terem apropriado do nome e de terem proibido a sua prática real.
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A pretensa «democracia» sem fronteiras dos indivíduos já nada tem em comum, a não ser o nome, com a democracia no sentido forte e preciso do termo, com uma democracia forte consubstanciada numa comunidade (sempre específica) de cidadãos activos, uma democracia de participação em que a identidade cívica prima ao mesmo tempo sobre a identidade étnica e sobre a identidade consumista.
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O termo democracia está dessemantizado: tendo-se tornado uma palavra conceptualmente vazia, as que continua a soar bem, completamente a disposição de cada indivíduo insularizado que pode projectar nela os seus sonhos, adquire assim uma temível força simbólica. A estranha neodemocracia que se nos apresenta está despojada de povo soberano, imagina-se a si própria sem princípio de autoridade nem instância de poder, pretende-se sem história nem memória, toma a forma de pseudodemocracia de consumidores e de accionista frenéticos, de étnicos fanáticos, de administrados e de eleitores apáticos.
in resistir ao para-a-frentismo
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