18.1.05

Lendo Taguieff II

Quanto a humanitarismo, como política da piedade baseada nos direitos humanos e com forma de uma acção de emergência de ajuda as vítimas, tende a impor a noção de uma universalidade pobre, reduzindo o humano ao «ser vivo que sofre». Este humanitarismo minimalista só pode universalizar, no que diz respeito ao humano o imperativo de sobrevivência de indivíduos reduzidos ao seu estatuto de vítimas, como se a essência do humano dependesse da conservação da individualidade biológica, objecto de preocupação ética fundamental. Há aqui uma desumanização sub-reptícia, comparável a que realiza o reducionismo genético vulgarizado pela sociobiologia que não vê no homem senão os seus genes. As democracias comerciais sem inimigos, ao realizarem-se nesses singulares regimes políticos que sonham com um mundo pós-político, não têm nelas e frente a elas a não ser excluídos que não pertencem a lado nenhum e delinquentes que pertencem a maus lugares: para os primeiros as operações de ajuda caritativa, para os segundos as operações policiais «internacionais», a versão prática mais recente, sob uma camuflagem humanitárias de «guerra justa», cujo espectáculo tanto alegra ao espectador ocidental

in "resistir ao para-a-frentismo" ,Pierre-André Taguieff

1 Comments:

At 4:48 PM, Blogger Horácio said...

"Há aqui uma desumanização sub-reptícia, comparável a que realiza o reducionismo genético vulgarizado pela sociobiologia que não vê no homem senão os seus genes."

Muito bom.

Horácio

 

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