2.2.05

Charlie Hunter - Right Now, Live

De tempos a tempos surgem artistas assim: capazes de reformular/revolucionar toda a técnica de um instrumento e/ou da concepção de um estilo musical.

Na guitarra jazz, o ultimo “wonder boy” tinha sido Stanley Jordan. Até que no início dos anos noventa apareceu Charlie Hunter.

Hunter toca um instrumento híbrido com as 3 cordas mais graves de baixo e as 5 cordas mais agudas de guitarra. A captação é feita por sistemas de "pick ups" independentes.

Quem ouvir distraidamente a música de Hunter, pensará à partida que se trata de um guitarrista e de um baixista. Charlie Hunter é um e dois em um, que dispensa baixista. Só que falar assim até parece coisa fácil simples. Por isso é que mesmo para quem toca guitarra, só a visualização de uma performance sua permite ter uma noção mais nítida do que ele faz.

Desde os tais anos noventa, com aquele “bing, bing, bing” lançado- como era de prever- na blue note (sempre atenta aos novos valores) que sigo a carreira do “prodígio” e acho que ele tem evoluído e muito. Se tecnicamente já era fenomenal, as sua capacidades como compositor e arranjista, são cada vez mais do meu agrado.

Hunter trabalha mais frequentemente em trios (com saxofone e bateria) e quartetos (dois saxofones e bateria. Um dos últimos discos que tive a oportunidade de ouvir foi o “Right Now, Move”onde Hunter experimenta um novo quinteto em que sobressai a sonoridade de uma secção de sopros verdadeiramente original: Sax Tenor, Trombone e Harmónica Cromática. Os resultados são positivos: Se composições continuam ritmicamente a ser no estilo que qualquer ouvinte que possua dois discos de Hunter consegue identificar, já as melodias e os os arranjos para a tal secção de “sopros” são cereja em cima do bolo - com frequentes contrapontos, “contramelodias” e frases tocadas a “3 vozes” - tornando o todo verdadeiramente delicioso.

É em todo esse “trabalho” que se baseia o DVD Right Now Live.

Gravado nos estúdios 1K em Hollywood, o concerto em DVD contempla duas partes: uma com o tal quinteto formado põe Charlie Hunter na guitarra de 8 cordas, John Ellis na Sax tenor, Derek Phillips na bateria, Curtis Fowlkes no trombone e Gregoire Maret na Harmónica Cromática e uma outra parte, mais intimista, com Charlie Hunter tocando a solo.

Em Quinteto ou a Solo, os temas escolhidos são arrojados e Hunter, assegurando a componente rítimica, harmónica e frequentemente melódica não vacila em nenhum momento e nem mesmo se coíbe de improvisar por extensos períodos. Os outros músicos não são menos brilhantes, com destaque para o grande Curtis Fowlkes (o homem dos Jazz Passengers e do John Lurie Lounge Lizards) no trombone e do desconcertante Gregoire Maret na Harmónica, que o que faz com este instrumento não é menos importante do que faz Hunter com a guitarra. Para quem pensa que Toots Tielmans é o expoente máximo da Harmónica no Jazz, “well, think again”

Sobre as características do DVD, de realçar a gravação sonora em formato 5.1 e a possibilidade de visualização de um segundo ângulo de filmagem sempre com Hunter em grande Plano. Esta opção deve fazer as delícias de qualquer “pretendente” a guitarrista de jazz. De qualquer forma os riscos de trauma e consequente desistência são elevados pois Hunter é absolutamente fenomenal e emula-lo é virtualmente impossível até porque seria necessário primeiro ter um instrumento semelhante.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home