20.2.05

Tito Paris, na "Xis"

Como Compõe? Existe uma ordem?

Primeiro vem a música (...) Componho sempre ao piano. Toco e nasce a melodia, depois a harmonia e depois a poesia. Crio uma base de fundo musical e só depois escrevo a letra.

Para compor gosta de saber quem vai cantar?

(...) Muitas vezes compomos uma música sem pensar na pessoa. Só mais tarde é que penso que aquela música poderia ser boa para alguém. Outras vezes componho, acho a música engraçada e digo: esta fica para mim, para eu cantar. Mas também é bom compor para quem gostamos. É como se fosse para nós.

(...) O que mais gosto é de compor em crioulo, a língua mãe de Cabo-Verde. Expressamos melhor os sentimentos, estes tornam-se mais gennuínos, mais verdadeiros, pois há muito coisa que bão é possível traduzir para o português.

E o que o faz estar inspirado?

Se estamos bem, satisfeitos com a vida é mais fácil. Uma pessoa zangada e contrariada não consegue encontrar o caminho. (...) Aprender a gostar do ser humano é o que mais falta faz.

O povo Cabo-Verdiano é uma povo apaixonado, naturalmente doce?

Não. não podemos encarar a questão dessa forma. Tenho muitos amigos chineses, portugueses, de Angola, São-Tomé, Moçambique e um homem quando é doce é doce, e quando é mau é mau, independentemente da sua cultura. É uma característica dos homens, não depende da sua nacionalidade.

Prefere cantar ao vivo ou em palco?

Cantar ao vivo é muito diferente de cantar em estúdio. Eu gosto de sentir calor humano. Por isso, quando gravo os meus discos em estúdio, convido muitos amigos, para me sentir como se estivesse num bar. Eles ficam na "régie", dançam eu danço, canto, batem palmas, senten-se a animação.

Qual o seu maior sonho?

Fiz a um ano, um concerto na Aula Magna com música de Cabo Verde numa fusão com Sinfonia. O meu sonho era levar este concerto para Cabo Verde mas não tenho conseguido. Faltam patrocínios. Outro dos meus maiores sonhos é poder viver, por fim em Cabo-Verde. Viver lá tranquilamente.

extraído da entrevista de Inês Menezes a Tito Paris, na revista "Xis" do "Público"

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