5.7.05

Do perdão

Breves comentários a dois trechos do artigo "Haverá mesmo perdão?" de Eugénio Costa Almeida


1 ) O problema do G8 não está no perdão da dívida. Na prática eles nada, ou quase nada, vão despender com o perdão. Serão o Banco Mundial, o FMI e o BAD quem o irão fazer; certo que os países industrializados irão compensar o BM e o BAD, mas o FMI assegurará sozinho esse perdão. Sozinho? Não. Os membros do FMI terão de se quotizar para fazer face a este buraco de 6 mil milhões de euros.

Mas então o que dá o G8 com o perdão da dívida. Simples. Mais capacidade aos países perdoados para se armarem e continuarem com os seus desmandos sociais e políticos.

Sim, por um lado. Mas não só. O que o G8, o FMI e o Banco Mundial ganham obviamente é a capacidade de poderem aprofundar a sua intromissão na política económica de alguns desses países e impondo o já habitual pacote de medidas neoliberais “globalizadoras”. Mais: alguns investimentos privados de empresas afectas aos “perdoadores” verão aumentada a sua “força persuasora”. E nem é preciso lembrar as astronómicas taxas de juro que esses interesses privados conseguem impor.

2) Que credibilidade merecem países como Etiópia, Mauritânia, Uganda, ou Mali, para serem credores do perdão devido a medidas de transparência e luta contra a corrupção se entre eles estão alguns dos maiores consumidores de armas – o Reino Unido que o diga – e postos avançados da corrupção em África.


Volto a Concordar. Parcialmente. Só que é legítimo por a questão ao contrário: Que credibilidade merecem o Reino, os EUA e a França se continuam a vender armas a alguns dos mesmos países a quem a dívida pretendem perdoar. Agem de forma semelhante a drug dealers: “nós perdoamos a dose de ontem, mas continuem a vir cá, nós, fornecemo-vos o bom produto.” .

1 Comments:

At 11:04 PM, Blogger ELCAlmeida said...

Não creio que pudesse ter melhor análise aos textos.
Obrigado pelas achegas que são importantes
Um abraço
Eugénio ALmeida

 

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