11.12.04

Notícias Lidas: Três médicos envolvidos em caso de plágio

Uma das teses foi elaborada em 1990 e tem como tema "Surdez infantil: estudo clínico e epidemiológico". É da autoria de um médico português e foi apresentada na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1990.

A outra é de 2002. E chama-se "Surdez Infantil em Angola". O trabalho foi realizado por um médico angolano que exerce medicina em Portugal há muitos anos.

(...) a Ordem dos Médicos acaba de processar disciplinarmente o médico que fez a segunda delas e os dois orientadores. Os três são médicos de otorrinolaringologia no Hospital de Santa Maria, dois deles reputados professores na Faculdade de Medicina de Lisboa, sendo que um é director de serviço.

(...)O estranho no meio de tudo isto é que um dos orientadores da tese, agora processado pela Ordem dos Médicos... é o autor plagiado.


(...)Diz o processo disciplinar que há frases, parágrafos, páginas e gráficos da tese feita em 1990 reproduzidos parcial ou integralmente na tese realizada em 2002.

Quem denunciou este plágio à Ordem dos Médicos foi um professor da Universidade de Luanda, onde a tese esteve quase para ser apresentada. Não o tendo sido apenas porque três dias antes um membro do júri apercebeu-se do plágio e pediu aos colegas que suspendessem a cerimónia.

No despacho de acusação, o Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos diz que o autor da segunda das teses "teve uma conduta fraudulenta atentatória da dignidade da sua profissão".

Quanto aos orientadores - os dois professores universitários -, o Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos considera que a sua atitude não foi melhor, já que é também contrária à dignidade do exercício da medicina. Por isso, acusa-os de autoria e co-autoria de plágio e propõe uma suspensão que pode ir até cinco anos.

A Ordem dos Médicos diz também que os dois professores/orientadores prestaram-se a ir a "Angola fazer aquilo que certamente não fariam em Portugal ou noutro país desenvolvido" e deram cobertura "a uma tese de doutoramento que não só não era original como ainda por cima plagiava descaradamente uma outra obra".

Acrescenta a OM que aqueles médicos "envergonharam o país, a medicina e a universidade portuguesa e subestimaram a qualidade dos professores angolanos, pensando que eles não se iriam aperceber da fraude".

Os três médicos receberam já a acusação. Um deles interpôs uma queixa ao Ministério Público. O director do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Santa Maria argumenta que a Ordem dos Médicos excedeu-se nas suas competências já que - diz - o assunto é para ser discutido no seio académico e não na Ordem.


Fonte: www.angonoticias.com

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