Papadas e Paparias
(...) como justificar a verdadeira "lavagem ao cérebro" que tem sido esta semana de programação da RTP? Desde a morte do Papa que se sucedem os programas apologéticos sobre a figura de Karol Wojtyla: documentários, filmes, séries, debates, entrevistas com padres (para não falar da repescagem, em horas mortas, de películas bíblicas tipo «Arca de Noé»). De um momento para o outro, a RTP transformou-se no sucedâneo visual da Rádio Renascença. Ainda ontem, por exemplo, vi o Nuno Santos a moderar um debate com jovens, sobre o Papa e o seu legado, intitulado «Totus tuus» (a divisa de João Paulo II, que significa «Todo Teu [de Maria]», mas que pode ser entendido, neste caso, como «Todos Teus»). No chão do estúdio, dentro de uma elipse de dimensões consideráveis, estava desenhada a bandeira do Vaticano.
José Mário Silva no BdE
A comunicação social tem na morte do Papa matéria para grandes audiências. Mais emocionante que a morte de uma princesa Diana, mais pungente que a morte de um futebolista, mais importante um qualquer escândalo político, muito melhor que um julgamento por pedofilia, infinitamente mais apetitoso que um casamento real.
A igreja, conscientemente, deixa-se vampirizar pelos abutres mediáticos, porque vê nisso importantes benifícios: A oportunidade de enviar a sua mensagem gratuitamente durante horas e horas para o mundo inteiro. Eis a igreja draculizando-se a si própria, ganhando vida mediática com a morte papal. O Papa mesmo depois de morto continua o seu trabalho. Não sei é se é trabalho forçado ou voluntário.
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