Zezé Gamboa, O Herói
"O Herói", filme do realizador angolano Zezé Gamboa, venceu o prémio do júri para melhor filme dramático estrangeiro na edição deste ano do Festival Sundance, nos EUA.
Trata-se do mais importante certame a nível mundial dedicado ao cinema independente.
"O Herói" é uma co-produção entre Angola, França e Portugal, e é o primeiro filme de ficção do realizador.
O filme conta a história de Vitório, um soldado de 35 anos que regressa a Luanda mutilado pela explosão de uma mina.
O protagonista é interpretado pelo actor senegalês, Oumar Makena Diop.
Em torno dele desenvolvem-se as histórias de mais três personagens - entre elas as actrizes brasileiras Maria Ceiça e Neuza Borges.
Elas debatem-se com a herança do conflito, entre a corrupção política, o papel social da mulher e as diferenças entre classes.
Maria Bárbara procura os filhos que desapareceram na guerra, Manu busca pistas do seu pai, também desaparecido e Joana insiste em acreditar numa Angola mais justa.
Zezé Gamboa realizou anteriormente os documentários Dissidência (1999), Desassossego de Pessoa (2001) e Mopiopio, Sopro de Angola (1991).
Este é um importante prémio para o renascente cinema angolano.
Recorde-se que o ano passado um outro filme angolano, "A cidade vazia", de Maria João Ganga, conquistou diversos prémios em festivais de cinema de vários países.
Foi galardoado no Festival de Cinema Africano, em Milão, Itália, com o 3º prémio do Festival.
Com o prémio especial "Cidade de Milão" para a longa metragem mais votada pelo público.
Foi também galardoado com um prémio atribuído por um júri de jovens no Festival Internacional de Filmes de Mulheres em Créteil, em França, e com o Prémio Especial do Júri no Festival de Paris.
A realizadora recebeu ainda em Angola o prémio nacional Cultura e Artes na secção Cinema e Áudio Visuais.
Conseguir, no mesmo ano em que o cinema angolano renasceu das cinzas, com a realização de três filmes ( os dois acima mencionados e a conclusão de "o comboio da canhoca" de Orlando Fortunato), esta quantidade de prémios (sendo que o do festival de Sundance é verdadeiramente histórico) é mesmo muito bom.
Entre 1988-2000 o cinema angolano quase não existiu, como se pode perceber ao ler o livro "Cinema em Angola" da autoria de José de Matos-Cruz e José Mena Abrantes (edições Chá de Caxinde, 2002). Este pequeno, mas importante livro, recomenda-se para quem quiser saber um pouco da curta, mas curiosa história do cinema Angolano.
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