16.3.05

Coisas Lidas: Imigração

Metade dos europeus contra entrada de imigrantes

Os resultados do maior estudo já feito na União Europeia (UE) sobre racismo e xenofobia não permitem conclusões unívocas sobre o grau de discriminação dos migrantes. Mas deixam claro uma tendência: metade dos europeus, sobretudo os menos instruídos e com empregos precários, embora aceite conviver com outras etnias, é contra a entrada de mais estrangeiros. Feito com base em dois inquéritos diferentes, o relatório apresentado ontem pelo Observatório Europeu dos Fenómenos Racistas e Xenófobos - intitulado Atitudes das maiorias perante as minorias - revela que 50 por cento da população está contra a entrada de mais imigrantes. Resulta também das estatísticas que as classes com qualificações mais baixas, residentes em meio rural e com salários inferiores, mostram atitudes mais agressivas contra os imigrantes, receando a sua concorrência no mercado de trabalho. (....)

A Grécia aparece destacada como o país da União Europeia mais temeroso dos imigrantes e das minorias étnicas.De destacar ainda o facto de os números atestarem a vontade, já avançada por outras sondagens, dos britânicos e dos belgas em restringir a entrada e os direitos dos requerentes de asilo. Outrora países com forte tradição no acolhimento de refugiados, metade das suas populações são actualmente contra a entrada de mais requerentes de asilo, segundo os dados do Inquérito Social Europeu.

Portugal posiciona-se de forma dúbia, destacando-se negativamente pela "resistência aos imigrantes" e à "diversidade".

Os países nórdicos fazem justiça à fama, posicionando-se consistentemente na base do ranking dos países mais fechados. Há, ainda assim, diferenças entre eles, com a Finlândia mais resistente à imigração, a Dinamarca mais moderada e a Suécia a colocar-se de forma evidente como o país mais tolerante e cooperante da União Europeia (surge como o menos "resistente aos imigrantes", menos "resistente aos requerentes de asilo", menos "favorável a uma distância étnica" e que menos sente "uma ameaça étnica"(...).

Transversais a todos os Estados e regiões são alguns padrões socioculturais. As pessoas mais jovens "expressam uma maior abertura relativamente à diversidade". Também aqueles que têm um maior contacto com os migrantes e as minorias, ou seja, as populações urbanas são mais empenhados numa sociedade multicultural do que quem vive em zonas rurais.

O Observatório Europeu dos Fenómenos Racistas e Xenófobos, fundado em 1997 e sediado em Viena, Áustria, é uma agência da União Europeia destinada a recolher informação sobre a discriminação na União Europeia.Os inquéritos do Eurobarómetro foram realizados, em média, a mil pessoas de cada um dos Estados-membros, entre 1997 e 2003. No que respeita ao Inquérito Social Europeu, fizeram-se entre 1500 a 2500 entrevistas na maior parte dos países, em 2002 e 2003

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