The Wooden Camera
O segundo filme do Sul-Africano Ntshaveni Wa Luruli - que tem no currículo ter sido assistente de produção in set em três filmes de Spike Lee: Malcolm X, Crooklyn e Jungle Fever- é um retrato fresco mas, ao mesmo tempo, realista, da Africa do Sul pós-apartheid e dos seus persistentes contrastes sociais.
Filmado com leveza, montado com fluidez e contando com um casting excelente de jovens actores ( sobretudo os que interpretam Madiba e Sipho), o filme gira a volta das imagens que supostamente vão sendo captadas pelo olhar e sensibilidade do personagem Madiba. São estas imagens que criam a sensação de realismo, às vezes, quase documental que está contido no filme.
Penso ser interessante analisar as semelhanças e contrastes que o filme apresenta relativamente ao “blockbuster” brasileiro “Cidade de Deus”: Ambos abordam a situação de exclusão e violência nos guetos. Ambos têm como personagem principal um jovem tímido, que não se consegue enquadrar no mundo violento que o circunda. Em ambos, o jovem “apaixona-se” por uma câmara. Em ambos, a câmara dá-lhes uma perspectiva, serve de alimento ao sonho de escapar à vida do gueto. Em ambos os filmes o jovem em questão é - e não podia deixar de ser- negro. Mas o filme de Wa Luruli é menos ambicioso, tecnicamente menos pretensioso, muito menos violento, mais leve, mais poético e, apesar de tudo, cheio de esperança.
1 Comments:
Fiquei curioso ;-) Tenho de ver.
Fica tb aqui um abraço meu camba.
Horácio
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