29.11.04

Mas "fazer andar para a frente" em que sentido? porquê? "Avançar" rumo ao quê? "Fazer avançar" com rumo a quê? Perguntas sem resposta. Ou antes recomeça-se: "reformar", "modernizar", etc. Ou então " recuperar o atraso" e, se possível "adiantar-se" (...) Alguns arriscam-se até a ser mais precisos: " mais flexibilidade", " mais rentabilidade" (...) É assim que se fala na novilíngua específica da ideologia globalista, esse "sociolecto" transnacional que propus que se baptiza-se movilíngua. No mundo das elites globalistas, ás fórmuilas ocas enchem cabeças mais ou menos vazias. É banhar-se sempre no mesmo rio semântico.

Pierre-André Taguieff
in Resistir ao Para-a-frentismo


"Tudo deve ser tratado com a relativa importância que tem, com a normalidade que exige, com a tranquilidade que importa transmitir aos portugueses", insistiu o ministro de Estado e da Presidência, desvalorizando a saída de Henrique Chaves do Governo e sublinhando que "o país está a andar" e que é necessário "trabalhar".

"Estamos com um Orçamento em discussão na especialidade. Temos um referendo [sobre a Constituição europeia] para analisar. O Parlamento não pára. O país não pára"

Morais Sarmento

Eis pois um exemplo ao microscópico do para-a-frentismo (bougisme) de que fala Pierre-André Taguieff

1 Comments:

At 10:11 AM, Blogger Horácio said...

Muito...muito bom. Usando a imagem do rio de Heraclito, Pierre-André Taguieff ironiza e caracteriza não só a politica actual, infelizmente, mas a ditadura de uma "linguagem" de "fórmulas ocas", de conceitos vazios que domina nos nossos dias. Na minha opinião o problema não está em banharmo-nos no mesmo rio semântico, de sentido, mas dessa semântica ser hoje, apenas, uma forma de poluição, de ruído.

Horácio

 

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