Sobre Dhlakama e as eleições em Moçambique.
Houve irregularidades? Provavelmente. Por aquilo que foi noticiado antes das eleições (ver link ) era previsível que houvesse. Agora, não sei é se poderá chegar ao ponto de pensar que elas foram intencionalmente fraudulentas. Que tenha existido a tal “cabala” ( finalmente usei esta palavra) para prejudicar Dhlakama e a sua Renamo é coisa que tenho algumas dúvidas. Não porque ache que a Frelimo não seja capaz de o fazer, mas sobretudo porque, creio, que não precisou. Afonso Dhlakama, um homem obcecado em ser presidente, derrotou-se a si próprio e ao seu partido.
Sobre Dhlakama há aliás algumas coisas que não posso deixar de dizer:
Primeiro, não me esqueço que em 94, depois das primeiras eleições moçambicanas, Dhlakama declarou que elas eram fraudulentas, apesar de todos os observadores internacionais terem dito que duma forma geral elas tinham sido “livres e justas”.
O auto-proclamado “libertador” e “democrata” estava disposto a seguir o exemplo de Savimbi em Angola e avançar para uma nova guerra, não fosse o facto da comunidade internacional estar, fruto do tal exemplo Angolano, de sobreaviso e ter conseguido demovê-lo.
Mesmo agora “Dhlakama ainda insiste que ganhou as eleições presidenciais em 1994 e 1999, convencido que “há gente de má fé que roubam meus votos”. (Publico 1/12/2004)
Mesmo nestas eleições Dhlakama foi logo avisando que se perdesse seria porque houve fraude. ( ao jeito Savimbistico lá está).
Nos últimos dias tem-se multiplicado em declarações que mostram bem o “grande democrata” que ele é.
Desde dizer que Chissano não queria que houvesse alternância de poder, e sendo assim, propunha que negociassem alguma forma de partilha desse mesmo poder (ouvi na SIC).
Sobre Dhlakama há aliás algumas coisas que não posso deixar de dizer:
Primeiro, não me esqueço que em 94, depois das primeiras eleições moçambicanas, Dhlakama declarou que elas eram fraudulentas, apesar de todos os observadores internacionais terem dito que duma forma geral elas tinham sido “livres e justas”.
O auto-proclamado “libertador” e “democrata” estava disposto a seguir o exemplo de Savimbi em Angola e avançar para uma nova guerra, não fosse o facto da comunidade internacional estar, fruto do tal exemplo Angolano, de sobreaviso e ter conseguido demovê-lo.
Mesmo agora “Dhlakama ainda insiste que ganhou as eleições presidenciais em 1994 e 1999, convencido que “há gente de má fé que roubam meus votos”. (Publico 1/12/2004)
Mesmo nestas eleições Dhlakama foi logo avisando que se perdesse seria porque houve fraude. ( ao jeito Savimbistico lá está).
Nos últimos dias tem-se multiplicado em declarações que mostram bem o “grande democrata” que ele é.
Desde dizer que Chissano não queria que houvesse alternância de poder, e sendo assim, propunha que negociassem alguma forma de partilha desse mesmo poder (ouvi na SIC).
Até propor que Chissano se mantivesse mais uma “temporada” no poder. Percebe-se: Dhlakama aceita a custo perder o poder para Chissano, agora perder para outro, é a humilhação total. Ainda por cima sendo esse outro o tal que “precisa de 15 anos para chegar ao seu meu nível]
Ao que parece agora descarrilou totalmente e entrou na paranóia de que existe um plano para que fosse assassinado.
Segundo o Publico:
É raro encontrar em Maputo um dirigente da Renamo que aceite falar do seu líder, Afonso Dhlakama. Como para quase tudo, precisam de uma autorização do chefe. Dizem que é por uma questão de respeito, e não por falta de autonomia ou receio. Mas as recentes dissensões ou a expulsão de dirigentes, como Raul Domingos (que também disputa estas eleições) alimentam histórias de desconfianças internas.
(...)Intocável aos olhos dos seus colaboradores, a figura do "presidente" - 25 anos depois de ter assumido a liderança - confunde-se com a própria imagem do partido
Não se conhecem alternativas a Dhlakama e o discurso partidário é muito sustentado no culto da personalidade do líder. Os colegas admiram a coragem, a capacidade de ouvir e de tomar decisões do chefe
(...)
Em privado, porém, pessoas dentro e fora da Renamo criticam o poder autoritário e o estilo excessivamente centralizado de Dhlakama, acusado de falta de espírito democrático.
(...)
Diz-se que será um "ditador" se chegar a Presidente.
Será provavelmente isto ( ser um ditador) que fez com que o povo Moçambicano não votasse nele. A lógica é semelhante a que se passou em Angola: Ditador por ditador, mais vale ficar-se com aquele que já se conhce e que se sabe do que é capaz.
Não posso deixar de perguntar, que homem é este que depois de duas derrotas eleitorais continua a alimentar a ambição de ser presidente. O normal seria que já se tivesse afastado. O normal seria que o próprio partido encontrasse um mecanismo de renovação. Mas não. O partido confunde-se com o líder. E o líder só tem uma ambição.
Segundo o Publico:
É raro encontrar em Maputo um dirigente da Renamo que aceite falar do seu líder, Afonso Dhlakama. Como para quase tudo, precisam de uma autorização do chefe. Dizem que é por uma questão de respeito, e não por falta de autonomia ou receio. Mas as recentes dissensões ou a expulsão de dirigentes, como Raul Domingos (que também disputa estas eleições) alimentam histórias de desconfianças internas.
(...)Intocável aos olhos dos seus colaboradores, a figura do "presidente" - 25 anos depois de ter assumido a liderança - confunde-se com a própria imagem do partido
Não se conhecem alternativas a Dhlakama e o discurso partidário é muito sustentado no culto da personalidade do líder. Os colegas admiram a coragem, a capacidade de ouvir e de tomar decisões do chefe
(...)
Em privado, porém, pessoas dentro e fora da Renamo criticam o poder autoritário e o estilo excessivamente centralizado de Dhlakama, acusado de falta de espírito democrático.
(...)
Diz-se que será um "ditador" se chegar a Presidente.
Será provavelmente isto ( ser um ditador) que fez com que o povo Moçambicano não votasse nele. A lógica é semelhante a que se passou em Angola: Ditador por ditador, mais vale ficar-se com aquele que já se conhce e que se sabe do que é capaz.
Não posso deixar de perguntar, que homem é este que depois de duas derrotas eleitorais continua a alimentar a ambição de ser presidente. O normal seria que já se tivesse afastado. O normal seria que o próprio partido encontrasse um mecanismo de renovação. Mas não. O partido confunde-se com o líder. E o líder só tem uma ambição.
Quero ser claro. Não estou a tentar fazer da Frelimo o bom da fita. Não falo sequer sobre Guebuza, sobre o qual sei nada, excepto que dizem não ser flor que se cheire (ver link) e que foi um dos mais autoritários e repressivos Ministros do Interior nos tempos de Samora Machel. Mas parece-me é que Dhlakama não é alternativa. E a Renamo, se quer de facto ser um partido capaz de se apresentar com um projecto e uma ambição política que vá para além da mera chegada ao poder, tem de se renovar e prescindir deste homem. É que Chissano soube perceber e aceitar que o seu tempo político tinha acabado com o segundo mandato. Não tentou nenhuma manobra. Mostrou desapego ao poder. O que só lhe ficou bem. E Dhlakama ?
PS- À proposito de Moçambique: A editora Dom Quixote publicou um antologia da poesia Moçambicana. Chama-se "nunca mais é sábado". Uma boa opção para quem quer dar prendas no natal.
1 Comments:
As palavras são eloquentes e certeiras. Complementadas por artigos de um jornal - que apesar de tudo gosto de ler, pelo menos o sítio, - mas que ciranda conforme os "ventos". Todavia quase tudo, deixo sempre o beneficío da dúvida mesmo quando ela parece, de todo, não existir, quanto lá diz é correcto.
Só uma pequena nota. Quem pediu a "permanência" de Chissano até 36 mesmes foi Sibinde o candidato islamita do PIMO.
Por outro lado Guebuza (agora um "cordeirinho") está bem na vida. É uma das maiores fortunas do país (e segundo as boas línguas e arredores).
Um grande kandandu.
Eugénio Almeida
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