30.10.04

Leituras: A crónica de Daniel Sampaio n´A Capital

(...) Parecem mudanças pouco intensas, mas que são carregadas de significado. Vejamos alguns exemplos: O Serviço Nacional de Saúde deverá passar a ser designado por Sistema Nacional de Saúde - parece a mesma coisa, mas não é. O Serviço pressupõe a organização de uma rede de cuidados a toda a população, independentemente da sua condição social, devendo, portanto, ser gratuito; o Sistema engloba um conjunto de serviços, da mais diversa índole, em que a componente economicista do lucro pode ser a dominante. A independência dos media é afirmada, nem pode ser de outra forma numa democracia (exclama o "governo"), mas logo se introduz a ideia de limites à independência, ou de contenção nos comentários. Fala-se de combate à evasão fiscal, e todos concordamos, mas nada de significativo se vislumbra para derrotar os grandes fugitivos, que todos sabemos quem são. E de caminho critica-se a metadona e a despenalização do consumo da droga e insinua-se que o mal vem das visitas aos presos, para ao mesmo tempo se sugerir que os professores podem passar a ajudar os juízes, esquecendo que a principal causa do stress no pessoal docente é justamente a perda da sua identidade. Meus amigos, é mesmo hora de tocar a reunir. (...)
(...) Meus Amigos: Confio em vocês. Sou a favor do fosso intergeracional e adoro que os mais novos não concordem com os mais velhos. As sociedades avançam por rupturas, as famílias crescem emocionalmente quando se confrontam sem se afrontarem. (...)
(...)vejam o "governo" da República. Portugal transformou-se no paraíso dos humoristas.Existem tantas graças sobre os nossos "governantes", que se atropelam nas cabeças dos criativos de humor. E se tantas vezes não sabemos se a «Sit Down Comedy» de Luís Filipe Borges, neste jornal, ou as páginas do Inimigo Público são notícias a brincar ou descrições realistas, a verdade é que nos assalta a certeza de que Portugal vai mal.
Nesta semana vi estudantes espancados e a levar com gás, como era habitual no meu tempo, mas julgava impossível no vosso tempo; ouvi o director-geral das Prisões a propor a redução das visitas aos presos, para melhorar o problema da droga no sistema prisional; e indignei-me com o ministro da Presidência a falar dos limites à independência, a propósito da televisão pública. Se deixarmos estes factos sem protesto, o risível "governo" que temos proporá mais.(...)
(...)E por isso vos peço: ajudem a derrubar este governo. Pela verdade e dignidade da vossa geração. Leitura integral aqui

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