12.2.05

Comparar Louçã a Portas? vamos a isso.

Ultimamente tenho lido muitos comentadores, analistas e quejandos comparar (não no sentido de "confrontar" mas de "igualar") Louçã a Portas. Até ouve quem dissesse que se trata do "Portas da esquerda" e do "Louçã da direita".

Sinceramente, não podia estar em maior desacordo.

Admito que Louçã não tem estado muito feliz nesta campanha. O seu discurso está mais moralista e resvala vezes de mais para uma aparência de arrogância. Poderá também as vezes adaptar-se facilmente de mais à técnica “soundbytizada” de comunicar com e através dos média.

Só que – vamos lá ver se nos entendemos – daí à compara-lo à Paulo Portas vai um mundo….Porquê?

Primeiro: porque Louçã é uma pessoa convicta das suas ideias – concorde-se o não com elas - e que só está na política por isso mesmo. Ora, convicção e idealismo, nos tempos que correm – onde o que não é oco, parece ser simplesmente um exercício intelectual ou tecnocrático – é coisa cada vez mais rara na política portuguesa. Louçã nunca mudou de discurso por mera conveniência oportunista. Por exemplo, não passou de "anti-europeista", a "euro-calmo" e finalmente a "euro-entusiasta". Portas é o exemplo de pessoa convicta… de que quer ter visibilidade politica.
Tudo o resto (incluindo as ideias e a convicções) são “coisas” pouco importantes.

Segundo: Louçã é um quadro preparado, que sabe do que fala, e que geralmente, quando fala de matéria económica e/ou fiscal, fá-lo bem. Aliás não costumo ver muita gente capaz de em debate o contradizer nestas matérias.


Já Portas é um “sofista” que não consegue falar com o mínimo de profundidade de nada. Absolutamente nada. É uma “máquina” debitadora de "soundbytes". Quando atira “números” ou “factos”, percebe-se facilmente que foram decorados em cima da hora, para o monólogo previamente agendado. Já agora uma pergunta: porque razão o discurso de Santana está sempre a ser analisado ao microscópio electrónico e o de Portas é tolerado como sendo algo simbiótico e comensal à vida política portuguesa?

Terceiro: Louçã é um deputado activo e dedicado. Dos melhores que o parlamento tem. Mais: o "seu" "grupelho radical" (designação de Pacheco Pereira) tem apresentado trabalho na assembleia (apresentando propostas- que são frequentemente reprovadas apenas por virem de onde vêem- mas mais tarde disfarçaadamente repescadas, propondo debates e contribuindo em propostas de outros). Tivessem todos os deputados- com as suas diferenças idelógicas- a mesma qualidade dos deputados do BE.

Quarto: Louçã é leal. Nunca tentou nem consumou o "assassinato político" de adversários ou aliados. Por exemplo não tentou assassinar politicamente Cavaco, Leonor Beleza, Manuel Monteiro, Marcelo Rebelo de Sousa.

Quando se compara Portas a Louçã o que se faz é legitimar o tipo de politiquice que o primeiro faz. Continuem fazendo-lhe esse grande favor e depois queixem-se.

O problema da política portuguesa e do seu comentário político é o mesmo de sempre: memória. Alimentos ricos em fósforo, cálcio e ferro, recomendam-se fortemente. Feijão e espinafres, por exemplo.



Pedido Abre-surdo: Agora que "já fiz propaganda ao BE", posso votar na CDU?

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