27.2.05

Mar Adentro II



Se "Os Oscares" fossem algo mais de que um "circo" montado para promover a egocêntrica indústria de entretenimento americana- e que só às vezes, quando é "necessário" para "inglês ver", premeia bom cinema- se "Os Oscares", dizia eu, fossem o que fingem ser, Mar Adentro seria candidato ao Oscar de melhor filme, Javier Bardem candidato a melhor actor, e Celso Bugallo candidato a melhor actor secundário. Como, infelizmente, "Os Oscares" são o que são, Mar Adentro é apenas candidato ao melhor filme estrangeiro.

A ausência de Javier Bardem da lista dos candidatos a melhor actor é escandalosa.

Mar adentro

O filme que conta a história de um homem que quer ter o direito de morrer é uma bela e emocionante homenagem à vida. Isto pode parecer um paradoxo, mas não é. É que a liberdade é o que dá sentido à vida.

Todos os actores são excelentes.
Javier Bardem, de quem já
aqui tinhamos falado, está, mais uma vez, fenomenal.
Alejandro Amenábar, realizador que eu desconhecia, merece ganhar mais atenção.

O único sinal menos: A música: a previsibilidade das "secções de cordas", usadas em momentos chave, para acentuar o dramatismo.

Site do filme

Coisas Lidas: Enquanto há silêncio, por Mário Mesquita no "Público"

Que farão com esta vitória José Sócrates e o PS? A questão coloca-se com particular pertinência porque o período eleitoral decorreu num ambiente pouco estimulante, em que se misturavam as campanhas orquestradas, a publicidade negativa e, em pano de fundo, o ruído do "financês", que me permito definir como o discurso de conotação tecnocrática, destinado a desvalorizar a política em nome das finanças e a convencer a esquerda a governar com os programas da direita e em nome dos seus interesses e grupos de pressão.

(....) uma linguagem monolítica e pseudo tecnocrática que visa reduzir o leque de opções legítimas no plano da decisão política a uma receita única e monocolor.

nunca foi tão fácil "mandar umas bocas"....

....Mas só os directores é que podem publicá-las no Expresso


.... E só Professores de Economia Sexual Católica, podem publicá-las no (In?)dependente

Como diria um amigo: será que lhes pagam?

A ler (sobre os "comentadores de serviço"):

(1) Foi você que pediu um comentador? ,no Almocreve das Petas
(2) Sobre o inefável Arquitecto Saraiva ( director do Expresso): Um Homem Incerto, no Almocreve das Petas
(3) A azia dos comentadores, por Augusto M.Seabra

25.2.05

Saraband

(1) Toda a gente gosta, toda a gente elogia.

(2) Fotografia impecável, cores volumosas, o tal digital HD.

(3)O que é "doloroso" ouvir e/ou admitir , o que é "cruel" dizer, tudo surge com imensa e demasiada facilidade. Mas Ela (Liv Ullmann) nunca se zanga. É toda ela feita de empatia. Nunca é simpática, nem antipática. Que coisa chata.

(4) O universo vivencial circunscrito às palavras. Linguagem corporal? Não há. Tudo, tudo tão teatral. A interpretação (propositadamente?) limitada a recitação dos diálogos - que são quase sempre monólogos - e ao trabalho de câmara. Grandes planos e mais grandes planos.

(5) Pretensioso: O “avozinho” lê Kierkegaard enquanto ouve, em alta berraria, a 9ª de Bruckner. A "netinha" entretém-se ao violoncello com Brahms e Bach.

(6) Crueldade, suicídio, incesto e mais crueldade. Um pai obsessivo que quer permanecer empoleirado na rampa do incesto. Um avô, cuja velhice, que devia ser sábia, é o cúmulo da crueldade, desprezando com o mesmo fervor com que odeia.

(7) Tudo dito com indiferença. Nada fica para subentender. Nos diálogos, não há espaço interpretações. O que há é uma imensa frieza. Glaciar.

(8) Bergman? ......É,… parece que sim.

(9) Pois então, saia da sala de cinema com uma imensa indisposição.

(10) O problema não é da obra. A obra é perfeita no que retrata. O problema é o objecto retratado.

(11) Tanta elegância, tanta seda e cetim a retratar essa decadência egoísta, velha, caprichosa e desprezível para quê? Porquê? As vezes, percebo a ideia que os americanos fazem da Europa: é uma espécie de tia chata, cheia de rugas, coberta de pó de arroz e perfume, desesperada para que alguém a visite e a ouça, mas fingindo que está sempre ocupada.

Nota Final: Mas quem é este atrevido que escreveu estas 11 insolências? Quem sou eu? Absolutamente ninguém. Mas, aviso: Do meu atrevimento, estou consciente; Do grau da minha ignorância, talvez não; Tenho a minha sensibilidade. Sou fiel a ela.


Fica aberta a discussão

24.2.05

Dou-lhe um exemplo, Judite

Olhe, Judite..... não, Judite.... não.....Judite, tem que perceber que, ..... não vale a pena, Judite..... Judite,deixo para mais tarde.....Judite, não faço isso.... isso, não faço, Judite.....não farei.... por favor, Judite.... Não, JUDITE! .....Não..... JUDITE, não!!..... JUDITE NÃO!!!!!!

qualquer semelhança com uma entrevista de um pretendente a líder partidário de quem Carlos Magno disse, na Antena 1, há 3 dias atrás, ser uma espécie de porta-chaves de Marcelo Rebelo de Sousa ( Não, não foi porta- bandeira, nem porta-estandarte, foi porta-chaves mesmo) é mera coincidência


23.2.05


Trilok Gurtu:
escolhido pelos críticos da Down Beat como percussionista do ano em 1994, 1995 e 1996, 2000 e 2001

último álbum: Broken Rhythms (2004)
Link´s :
Goose Bumps (Trilok Gurtu´s dedicated website)
Worldmusicnet


Trilok Gurtu:

People are getting more into India now. My duty and responsability is to enable non-indians to understand the music. I´ve been invited to teach at Berklee. Which is ironic, because when i was young I applied to go there to study harmony and composition, and they refused me admission. So I thank them, it was a blessing in disguise. Otherwise I wouldn´t be me. Now I´m going there with my own voice and my own music. Now they say: " Wow, this is different". I won´t be going there like a sneaky mean fellow, I´ll be going and putting my foot there proudly.

Trilok Gurtu falando de John McLaughlin

I love Shakti (....) John´s a great musican though I wish he played like this now- so much soul! He´s very good with indian rhythms, which is very rare in a Westerner. We played together for five years and always got on really well.

He got mad with me once: He´s used to winning at everything he does; and we were going to have a game of table tennis, and I didn´t tell him I´d been almost a professional when I was young. And I kicked is ass! He got furious and said "I´ll get you" but i said "You won´t, man, you could play forever!" and I kicked he´s ass again!

Another time we had a difference of opinion about the music, and he said "right! I´m going to call Tony [Williams] for this!" So I said "fine. Call him and the see if you can hear your acoustic guitar!" That shut him up!

But we were good pals, little things like this happen between any people now and then.

JazzWise march 2000

"Vintage" Guterrista

Mariano Gago,Antonio Vitorino, Antonio Costa,Manuel Maria Carilho. Estes não são "tralha"



ps - José Lello e Jaime Gama não ! por favor...

Vasco não acha graça

Vasco Graça Moura, no DN

O grande derrotado nestas eleições foi o País (...)

a maioria do eleitorado ter apostado agora na sustentabilidade do insustentável como solução para esses mesmos grandes problemas.(...)

Ora, ao contrário do que sustentam os socialistas e os analistas, o eleitorado português não apostou na mudança. É conservador, corporativo e retrógrado. Essa é a estabilidade que pretende lhe seja garantida.(...)

Está-se nas tintas para coisas como o desenvolvimento sustentado, o equilíbrio das contas, a contenção da despesa pública, a sorte das gerações futuras, etc., etc.(...)

a atitude do eleitorado português tem muita semelhança com uma atitude muito generalizada na Europa por cá, trata-se de aguentar o modelo social português, tal como, por lá, se trata de aguentar o modelo social europeu.

Toda a gente sabe
(!? eu, por acaso não sei) ser essa uma manifesta impossibilidade, mas toda a gente persiste em falar pateticamente em economia do conhecimento, em agenda de Lisboa e em competitividade com outras áreas do mundo, em especial com os Estados Unidos, omitindo os dados essenciais do problema.

Também toda a gente sabe que, mantendo-se as coisas como estão, ou voltando elas ao que eram entre 1995 e 2002, não haverá mais do que uma degradação acentuada de todos os aspectos da vida nacional. Mas na maioria ninguém se preocupa com isso.(...)

Portugal não vai sofrer nenhum choque tecnológico, mas sim um choque teratológico. A curto prazo, terá de enfrentar uma monstruosidade sem pés nem cabeça e tornar-se-á uma aberração irresponsável e ingovernável
.


Comentário Abre-Surdo:
Pois é. Acho que a solução é mudar de eleitorado. É só trocar de povo: 6 milhões de portugueses por 6 milhões de americanos deve chegar. Com certeza que eles não se importam. São tantos.

Comentário Abre-Surdo II:

talvez mais simples, já que o eleitorado não sabe votar, fosse simplesmente acabar com a democracia. Que tal?

Comentário Abre-Surdo III:

Sinceramente Vasco, nem uma palavra sobre o Sr.Santana Lopes? era ele o "seu" reformista?

Comentário Abre-Surdo IV:

Que azedume, que mau perder. Faça uma pausa com Kit Kat, traduza um livro. Cuidado com o fígado.

Link´s Novos

radio dejazz, fusion e variantes aTTeNTioN sPaN raDio

Blogues: Dias Estranhos

22.2.05


Jorge Gumbe Posted by Hello

instantâneos de Angola

Os preços dos combustíveis em Angola, surpreendentemente (??!), e pela primeira vez na sua história elevaram-se três vezes em mais de 10 por cento, nos últimos nove meses, isto é, desde Maio de 2004 a Fevereiro do ano em curso. Durante este período, a gasolina, um dos combustíveis mais consumidos pelos automóveis e por outros motores tinha em Maio o preço de 20 kwanzas, passando para 34 em Dezembro e deste para 38 o litro, este mês.

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A Câmara Criminal do Tribunal Supremo condenou hoje a 12 anos de prisão maior o ex-governador do Kuando-Kubango, Jorge Fernando Biwango, por ser o autor moral da morte, por fusilamento, de oito pessoas, em 2002, tidas como feiticeiras, naquele que ficou conhecido como "caso Kamutukuleni".

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Uma comissão de inspecção sanitária foi criada hoje pela direcção provincial da saúde no Kwanza-Sul para averiguar na Gabela a veracidade da denúncia da morte diária de menores em consequência da transfusão de sangue em crianças internadas na pediatria do hospital regional do Amboim.

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Vinte mil e 552 ex-militares vão estar inseridos este ano em 24 novos projectos de reintegração sócio-profissional, no quadro do Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PDGR) em execução actualmente no país. Os projectos, já avaliados e aprovados, orçam em 817.881 dólares americanos e vão ser desenvolvidos em Benguela, Huíla, Bié, Huambo, Malanje e Kwanza-Sul, anunciou hoje o director-geral do Instituto de Reintegração Sócio-Profissional dos Ex-Militares (IRSEM), general António Andrade

Uma missão do Banco Mundial (BM) desloca-se ao Huambo, quarta-feira, para se inteirar do grau de execução do Programa Geral de Desmobilização e Reintegração (PGDR) implementado nessa província. O BM, a semelhança da União Europeia (UE), contribui no PGDR com 32 milhões de dólares (USD).

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O presidente da União dos Escritores Angolanos (UEA) Dario de Melo considerou hoje em Luanda de "uma perda grande" a morte do escritor Raúl David falecido domingo, por doença, no Lobito. Em declarações a Angop no aeroporto internacional a caminho de Benguela onde vai assitir as exéquias, argumentou a sua afirmação dizendo que o tio Raúl tinha uma grande experiência como homem que era de duas culturas

fonte: Angola Press

Morreu

Guillermo Cabrera Infante.

Autor de meia centena de livros, entre os quais se destacam "Três tristes tigres", "La Habana para un infante defunto" e "Mea Culpa", Cabrera Infante opôs-se frontalmente ao regime de Fidel Castro, com quem colaborou na primeira etapa da Revolução de 1959, e decidiu exilar-se em Londres. Em 1997, Cabrera Infante foi distinguido com o Prémio Cervantes, um dos mais importantes prémios literários da língua espanhola, concedido pelo Ministério da Educação e Cultura de Espanha.

Aqui ficam os links de uma entrevista antiga no site do Partido Social Democrata Cubano e outra na Universidade Complutense de Madrid

Coisas Lidas II

Bloco de Esquerda reavalia sistema de rotação de deputados no Parlamento

disse ao PÚBLICO Francisco Louçã, argumentando que "a necessidade que o Bloco tinha anteriormente não se coloca com tanta premência"

"Num ou noutro caso, pode justificar-se", disse, exemplificando com a falta de um deputado especializado na área da saúde. Neste caso, pode ser ponderada a hipótese de o médico João Semedo, renovador comunista e terceiro candidato na lista do Bloco pelo Porto, vir a ocupar um lugar na Assembleia da República. Francisco Louçã averbou ainda a probabilidade de existirem "questões pessoais" que resultem em "ausências num curto espaço de tempo". É o caso de João Teixeira Lopes, eleito deputado pelo distrito do Porto, que está a preparar as suas provas de agregação e que poderá ausentar-se do Parlamento "durante um ou dois meses".

Para o primeiro fim-de-semana de Maio (7 e 8) está já agendada mais uma convenção do BE, durante a qual serão discutidas as moções de orientação que, segundo Francisco Louçã, devem ser apresentadas até meados de Março. Sobre a possibilidade de discutir, na convenção, a proposta de alterar a estrutura organizativa do partido (direcção colegial), Francisco Louçã disse ao PÚBLICO não saber se essa matéria será analisada. Adiantou, no entanto, que o Bloco pretende debater a "estruturação nacional" do partido, nomeadamente a aposta no alargamento das distritais e na promoção de iniciativas locais. A consolidação local constitui, de acordo com Louçã, uma das prioridades do Bloco, uma vez que "existe a necessidade de ter uma estrutura mais aberta", realizar "mais actividades públicas" e recolher o "apoio popular", que, acrescentou, "é muito importante". Tudo isto porque "o Bloco não pretende ser um partido de funcionários", garantiu o deputado.

Espero que o tal sistema de direcção colegial não mude. Gosto desse sistema. Mais horizontalizado, menos piramidal, menos rigido. O BE tem de conseguir, apesar do crescimento, fugir ao tipo de estructura típica nos outros partidos. E nada de Jotas.

Coisas Lidas

PCP dá voto de confiança ao Governo PS

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, manifestou hoje a confiança do seu partido de que o "PS não terá uma visão autista em relação ao futuro", manifestando esperança de que utilize a maioria absoluta em benefício dos problemas do país.
(...)

Jerónimo de Sousa criticou, porém, as "manobras de diversão" do Bloco de Esquerda em torno da questão do aborto, considerando a proposta bloquista para a repetição de um referendo uma "medida cheia de carga emocional que pretende apenas encostar o PS à parede".

"Esta Assembleia da República tem condições para, de forma serena e responsável, dispensar esse referendo e acabar com os problemas da mulheres em Portugal"(!!), sustentou o comunista, para quem a proposta do Bloco não passa de "uma manobra de diversão para resolver um problema de fundo".


(!!) não concordo nada com a "dispensa do referendo". De qualquer maneira a proposta do BE é precipitada.


Descansando(?) os Olhos: Klaus Doldinger by Mark Wohlrab Posted by Hello

Intimidação

O homem ainda nem teve tempo de descer das nuvens e recolocar os pés no chão e já todos o estão a querer desafiar, intimar e até intimidar.

Ontem foi Louçã, que na onda de euforia – dever ter confundido o discurso que tinha preparado caso o PS não tivesse maioria absoluta – e já lançou desafios nomeadamente um novo referendo ao aborto.

Hoje foi Francisco Van-Zeller da CIP dizendo que mexer no código do trabalho é “desenterrar o machado de guerra”. (literalmente)

Entretanto as duas centrais sindicais já vieram dizer, claro, que esperam que de facto a nova maioria mexa mesmo em alguns pontos do código do trabalho.

Louçã, penso, está a ser precipitado. O referendo do aborto tem que ser bem preparado. A questão tem que ser despolitizada ao máximo. E deve-se tentar usar da pedagogia e da tolerância. Não se pode correr o risco de voltar a perder. Por isso querer fazer um refendo já este ano é para mim insensato.

Quanto a CIP e a Van-Zeller, a intimidação é de manifesto mau gosto. A CIP nem sequer tem a desculpa de Louçã – euforia numa noite de quase triplicação de votos. Por isso devem evitar repetir este tipo de discurso e dar a iniciativa a quem a deve ter esperando que seja o futuro governo a chama-los.

Já no caso das centrais sindicais a coisa é um pouco diferente: na realidade, parecendo que estão também a fazer exigências, limitam-se a reivindicar o que o PS disse que faria: Não revogar o código, mas mudam alguns pontos. Ora esta posição é na realidade uma ajuda – no caso da CGTP inesperada – pois de certa maneira desarma a argumentação do PCP que queria a revogação completa com o argumento, que até tem alguma lógica, de que se o PS votou contra o Código e portanto agora tem de ser coerente.

Seja como for, o homem vai ter de aprender a responder ao estilo filme de acção de Nova Iorque: Are you talking to me? Do you want a piece of me? Come on!

21.2.05

MalcolmX- citações 2

on Martin Luther King

"I want Dr. King to know that I didn't come to Selma to make his job difficult. I really did come thinking I could make it easier. If the white people realize what the alternative is, perhaps they will be more willing to hear Dr. King."

"The goal has always been the same, with the approaches to it as different as mine and Dr. Martin Luther King's non-violent marching, that dramatizes the brutality and the evil of the white man against defenseless blacks. And in the racial climate of this country today, it is anybody's guess which of the "extremes" in approach to the black man's problems might personally meet a fatal catastrophe first -- "non-violent" Dr. King, or so-called "violent" me."

Dr. King on Malcolm X:
"You know, right before he was killed he came down to Selma and said some pretty passionate things against me, and that surprised me because after all it was my territory there. But afterwards he took my wife aside, and said he thought he could help me more by attacking me than praising me. He thought it would make it easier for me in the long run."

(...)

methods and objectives

"Our people have made the mistake of confusing the methods with the objectives. As long as we agree on objectives, we should never fall out with each other just because we believe in different methods, or tactics, or strategy. We have to keep in mind at all times that we are not fighting for separation. We are fighting for recognition as free humans in this society."

"The only way we'll get freedom for ourselves is to identify ourselves with every oppressed people in the world. We are blood brothers to the people of Brazil, Venezuela, Haiti... Cuba - yes Cuba too."

"It doesn't mean that I advocate violence, but at the same time, I am not against using violence in self-defense. I don't call it violence when it's self-defense, I call it intelligence."


Politics and 'isms...

When asked if he would accept outer help from the Communists:

"Let me tell you a little story. It's like being in a wolf's den. The wolf sees someone on the outside who is interested in freeing me from the den. The wolf doesn't like that person on the outside. But I don't care who opens the door and lets me out."

"Then your answer is yes?"

"No, I'm talking about a wolf
."

A minha preferida:
on Women...
"If you are in a country that is progressive, the woman is progressive. If you're in a country that reflects the consciousness toward the importance of education, it's because the woman is aware of the importance of education. But in every backward country you'll find the women are backward, and in every country where education is not stressed its because the women don't have education."

MalcolmX- citações

"You can't separate peace from freedom because no one can be at peace unless he has his freedom."

"I am not a racist.... In the past I permitted myself to be used...to make sweeping indictments of all white people, the entire white race and these generalizations have caused injuries to some whites who perhaps did not deserve to be hurt. "

"I am not a racist in any form whatsoever. I don't believe in any form of discrimination or segregation."

"I believe in recognizing every human being as a human being - neither white, black, brown, or red; and when you are dealing with humanity as a family there's no question of integration or intermarriage. It's just one human being marrying another human being or one human being living around and with another human being."

"If you want to know what I'll do, figure out what you'll do. I'll do the same thing -- only more of it."

"I am neither a fanatic nor a dreamer. I am a black man who loves peace, and justice, and loves his people."

"We have to keep in mind at all times that we are not fighting for integration, nor are we fighting for separation. We are fighting for recognition...for the right to live as free humans in this society."

Malcolm


"It´s time to stop Singing and start Swinging" Malcom X


Faz hoje 40 anos que Malcolm X foi assassinado. O polémico lider negro americano, ainda hoje gera simpatias e ódios. Visto como um radical e até racista por alguns, os seus seguidores no entanto dizem que a sua mensagem foi grandemente deturpada quer pelos média quer pela própria organização a que ele pertencia e que o traiu a " Nação do Islão".

Seja como for, El Hajj Malik El-Shabazz "Malcolm X" é património da memória de luta dos negros americanos pelos seus direitos. Isso não pode ser ignorado.

aqui ficam os links para quem quiser revisitar o homem e a sua história
Malcolm X site oficial
Brother Malcolm - a research site
Malcolm-X.org


Descansando os Olhos(?):You know who you are ( Abigail Lane 2004) Posted by Hello

Cecil Taylor

Jazz

Well, I don't know what jazz is. And what most people think of as jazz I don't think that's what it is at all. As a matter of fact I don't think the word has any meaning at all, but that's another conversation...(...)


Teachers

One of the most important things that happened to me, really--I've always had difficulty with teachers in school. Right after Pearl Harbor I wrote this poem about December 8th--I don't even know why I remember this--and the teacher said, "Oh, that's a very bad poem." Well, I knew that I should write poetry then. If she said it was bad, then it must be okay.

you know teachers--I ran into a lot of teachers where it was very clear to me that if you didn't do what they told you to do, they would try to stop you from doing anything at all. That's what that teachers do. When I went to the Conservatory, it was the same thing, and boy did I fight with those people up there

in the whole four years that I was at the Conservatory I only had three teachers, really, that were interesting, and all three of them were women.

anyway, the poetry saved my life, actually.

Music, Poetry, Dance

I never understood how musicians could play music for poets and not read poems. I don't understand musicians who can play for dancers and not know how to dance. I mean, it's very interesting to me, you were talking about your research; well, one of the things--before I put words down, I probably have read a thousand words. (...)

I have a lot of interests. Dance is certainly one. Architecture, particularly structural engineers. I look at basketball. I'm not interested in it though.

Not "making money"

(...) That's the wonderful thing about maybe never being allowed to get into the business--the music business-- because I was not a very well-behaved person according to the gangsters who control the business. I'm lucky to be alive, really. So what you had to do--and also the fact that what I was doing was considered not very viable. [Laughs] That's a cute word to mean it didn't make any money, or they didn't see how they could make any money. And they would tell you what you were supposed to do. That's the way they are. So, not being malleable that way, the resources that my mother and father gave me, since I didn't have any money--but my father would always give me money. When I wasn't working I always went to see plays on Broadway. Then years later, this woman that I was sort of involved with worked at the Living Theater. So I got a whole new concept, and a whole new thrust of beauty right there, you see. And actually I ran into Baraka around '57. So, what I mean is that one dedication leads to another, especially if it is very important for you to continue to grow, especially when they tell you that "We're not going to allow you to grow in this area." So what does that mean? Meant I had to practice at home. It also meant that I had to look around for other sources of beauty that could aid in what I was doing with the main thing. Then finally, you see, these things mesh, and it takes a while for it to happen. But then, you know, it does.

And so therefore there is no possible way that I can have any regrets about not working, where these other people did. Cause I was always working. I just didn't make any money. [Laughter]

Descansar da política

Vai ser óptimo, um descanso, podermos descansar da necessidade, da urgência de falar de política. Reduzir o afã de comentar, de responder, de argumentar.Não contribuir para o ruído. Que bom.

A cerca do futuro

Não são só nos dois grandes partidos derrotados que se devem tirar ilações. Partidos com menos de 1% de votos deveriam questionar-se seriamente.

Foi óptimo

Para ser perfeito só faltou mesmo Garcia Pereira também ter sido eleito.

20.2.05

Cova da Moura

lembrei-me de....

We Real Cool
(THE POOL PLAYERS.SEVEN
AT THE GOLDEN SHOVEL)

We real cool. We
Left school. We

Lurk late. We
Strike straight. We


Sing sin. We
Thin gin. We

Jazz June. We
Die soon.


Gwendolyn Brooks


Sabura é lá na nôs terra Cabo Verdi,
lá nô tá sinti, na meio d´nôs tradiçon

Morna Sinfónica, para respirar

....Ainda o Tito Paris.( Excerto de uma entrevista ao Expresso em 2001)

EXP. - Está também optimista em relação ao futuro da música cabo-verdiana?

T.P. - Em Cabo Verde precisamos de trabalhar mais. Com mais seriedade e convicção. E estar preparados psicologicamente para aceitar críticas, construtivas ou destrutivas. Cá em Portugal nós temos uma série de música africana que não nos vai levar a lado nenhum. Nós, africanos, somos doces a escrever e quando vejo para aí africanos a escrever «bunda» e coisas assim, não gosto. Basta aquela guerra que temos em África. Somos um país e um continente muito ricos, temos instrumentos feitos pelas próprias mãos com um som que nenhuma máquina consegue imitar. Mas também temos miúdos, filhos de emigrantes, na Holanda e noutros países, a fazer música com computadores, onde não cheira a África. Os discos que fazem são iguais a tantos outros. A música pode e deve evoluir, mas também tem de respirar. Por exemplo, eu tenho um grande sonho, e não hei-de morrer sem o realizar, que é o de fazer morna sinfónica.


Link fonte

Tito Paris, na "Xis"

Como Compõe? Existe uma ordem?

Primeiro vem a música (...) Componho sempre ao piano. Toco e nasce a melodia, depois a harmonia e depois a poesia. Crio uma base de fundo musical e só depois escrevo a letra.

Para compor gosta de saber quem vai cantar?

(...) Muitas vezes compomos uma música sem pensar na pessoa. Só mais tarde é que penso que aquela música poderia ser boa para alguém. Outras vezes componho, acho a música engraçada e digo: esta fica para mim, para eu cantar. Mas também é bom compor para quem gostamos. É como se fosse para nós.

(...) O que mais gosto é de compor em crioulo, a língua mãe de Cabo-Verde. Expressamos melhor os sentimentos, estes tornam-se mais gennuínos, mais verdadeiros, pois há muito coisa que bão é possível traduzir para o português.

E o que o faz estar inspirado?

Se estamos bem, satisfeitos com a vida é mais fácil. Uma pessoa zangada e contrariada não consegue encontrar o caminho. (...) Aprender a gostar do ser humano é o que mais falta faz.

O povo Cabo-Verdiano é uma povo apaixonado, naturalmente doce?

Não. não podemos encarar a questão dessa forma. Tenho muitos amigos chineses, portugueses, de Angola, São-Tomé, Moçambique e um homem quando é doce é doce, e quando é mau é mau, independentemente da sua cultura. É uma característica dos homens, não depende da sua nacionalidade.

Prefere cantar ao vivo ou em palco?

Cantar ao vivo é muito diferente de cantar em estúdio. Eu gosto de sentir calor humano. Por isso, quando gravo os meus discos em estúdio, convido muitos amigos, para me sentir como se estivesse num bar. Eles ficam na "régie", dançam eu danço, canto, batem palmas, senten-se a animação.

Qual o seu maior sonho?

Fiz a um ano, um concerto na Aula Magna com música de Cabo Verde numa fusão com Sinfonia. O meu sonho era levar este concerto para Cabo Verde mas não tenho conseguido. Faltam patrocínios. Outro dos meus maiores sonhos é poder viver, por fim em Cabo-Verde. Viver lá tranquilamente.

extraído da entrevista de Inês Menezes a Tito Paris, na revista "Xis" do "Público"

18.2.05


O Mestre João Gilberto (foto de Dario Guerini, 1998) Posted by Hello

Madame diz que a raça não melhora
Que a vida piora
Por causa do samba
Madame diz que o samba tem pecado
Que o samba coitado
Devia acabar
Madame diz que o samba tem cachaça
Mistura de raça, mistura de cor
Madame diz que o samba é democrata
É música barata
Sem nenhum valor

Vamos acabar com o samba
Madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que o samba é vexame
Pra que discutir com Madame

No carnaval que vem também concorro
Meu bloco de morro vai cantar ópera
E na avenida entre mil apertos
Vocês vão ver gente cantando concerto
Madame tem um parafuso a menos
Só fala veneno
Meu Deus que horror
O samba brasileiro, democrata
Brasileiro na batata é que tem valor

(Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, 1956)

pra quê discutir com madame?

Este samba da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, de 1956, incorporado ao repertório de João Gilberto com sotaque de bossa nova, não é só mais uma canção valorizando o samba e dando de ombros para aqueles que costumam desdenhar do gênero. A referida Madame que afirma ser o "samba música barata, sem nenhum valor" realmente existiu. Magdala da Gama de Oliveira, tornou-se conhecida como crítica de rádio, escrevendo numa coluna do jornal Diário de Notícias (durante três décadas foi um dos mais importantes jornais do país. Lidera a circulação no Rio de janeiro e ganha a fama de um veículo de opinião livre e independente, atingindo um alto padrão de credibilidade) e assinando com o pseudônimo de Mag. Mag, conseguiu entrar para a história da MPB, pelos ataques deferidos contra o samba. De acordo com os opositores de Madame a intenção da autora era diminuir o samba, desclassificá-lo como música brasileira.

Mas se Mag tinha seu espaço na imprensa para condenar a canção popular e seus compositores, do outro lado havia aqueles que gastavam tempo e pena para fazer a defesa do réu. Fernando Lobo, compositor e jornalista, não suportando o pedantismo de Mag, escreve em 1944, uma artigo na revista O Cruzeiro, utilizando-se inteligentemente do mesmo repertório da inimiga do samba para desautorizar seus argumentos. Assim, sob o título Sugestão a Madame, Lobo, responde às ofensas de Magdala : "O dia de hoje está ai, bem diverso e distante da infância de madame. Como está o samba? Ah! Nos EUA rolando dentro das películas e passando nos microfones civilizados do mundo inteiro. Não são os dentes estragados dos homens do regional, nem a ausência dos smockins, nem o sono do tocador de cavaquinho ou os enfeites baratos das cabrochas, que destroem o samba. Todos esses fatos são derivados de uma situação social e material diversa de que madame conhece e desfruta. O samba não tem culpa. Mozart que tinha maus dentes e não pagava as dívidas, Chopin, a que George Sand muito ajudou. Schubert e muitos outros, foram na época, os mesmos miseráveis que são os nossos tocadores populares. (...). Vamos ver até onde chega a ignorância humana! Portinari já pintou o samba, já refletiu nas suas telas a expressão de nossa música. Villa Lobos aí está. Toda a grandeza de sua obra é apoiada nos ritmos populares do Brasil. E os que vêm de fora, da terra de Chopin, ou de Mozart, de Ravel ou de Stravinsky, ficam sempre deslumbrados ante a beleza positiva e grandeza do nosso ritmo! Por que matar o samba, ó impiedosa Madame? Sendo ele alegria da gente humilde é também a alegria dos da sua classe e ao mesmo tempo o alicerce de uma música definitiva que se esboça no cenário musical brasileiro. (...). "


[...]
Mas a contenda não para aí. Em 1946 foi a vez de Afoché indignar-se com a arrogância elitista de Magdala e mandar-lhe um recado: "... Temos lido críticas severas, principalmente de inimigos deliberados e intransigentes da canção popular como essa sofisticada e venerável matrona que se assina Mag e que não compreende outra música, outra emoção, outro sentimento que não seja o RAFINÉE. Na mesma época que vemos Villa Lobos, Stokowsky, Mignone e outros musicistas de classe exaltarem a música fonte, que é esta nascida da própria alma ingênua da rua, do coração do povo, uma professora fracassada e medíocre e de nível cultural abaixo da linha aceitável, investe diariamente, com a bateria de sua intransigência, contra tudo que é música popular, que vise a alegria da massa ou encontre o caminho de seu agrado. (...). Todos os compositores brasileiros, a seu ver, são analfabetos e ignorantes. É impossível para Mag, que um lustrador de móveis como Heitor dos Prazeres cante com ingenuidade e sincera emoção a canção de seu amor. E no entanto a National Gallery, de Londres expôs quadros desse mesmo lustrador de móveis, Heitor dos Prazeres. Crítica é livre, mas o leitor dessas críticas exige, antes de tudo, honestidade. E é permitido voltar-se contra os pareceres mal dados, se eles revelam vícios de origem, suspeição má fé e intenção de ser do contra de qualquer jeito. Se a maneira de Mag analisar as canções populares variasse à medida que fosse achando exceções, ainda era possível acreditar em um louvado propósito. Mas nada disso acontece. Tudo é ruim. Nada presta...."

[...]
Mas não bastasse os revides dos jornalista nos anos 40, às posições de Magdala assumidas publicamente em relação ao samba, fariam render ainda, dez anos depois desse último artigo assinado por Afoché, a canção marota da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, Pra que discutir com Madame. Aliás essa é uma boa pergunta, já que Mag era considerada limitada intelectualmente, equivocada e pretensiosa ao querer julgar o que deveria e o que não deveria ser a música brasileira, por que mereceu tanto destaque, dispondo estes jornalistas a combate-la?O fato é que essa contenda, embora fosse travada com Mag, tem início lá nos anos 30, quando o rádio, tateando em busca de uma programação mais ao gosto do ouvinte, passou a difundir a canção popular carioca - de acordo com os registros da imprensa da época - como a canção popular nacional. No mesmo período, investindo no sucesso que o samba conquistava no rádio, o cinema nacional produziu os musicais carnavalescos, contribuindo para tornar o gênero conhecido nacionalmente.

A luta das representações em torno da constituição de uma identidade nacional marcaram sobremaneira o governo de Getúlio Vargas que pretendia promover a unidade a fim de assegurar o seu poder, eliminando as possíveis tensões entre os diferentes segmentos sociais. Dessa maneira, ao mesmo tempo que encontravam-se sediados no Ministério da Educação e Saúde compositores eruditos como Villa Lobos, Vargas não deixava de reconhecer os sambas e as marchinhas, como representante legítimos da música brasileira.

Todavia, se essa era a postura de um governante populista, que buscava harmonizar a sociedade ao promover um simbólico comum, capaz de integrar aqueles setores sociais, até então marginalizados de cidadania, no cotidiano as rixas continuavam. Aliás em torno das mesmas representações que pretendiam promover a unidade, como por exemplo a música.


O samba, pela sua origem negra e popular sempre foi hostilizado por aqueles setores mais conservadores que se viam identificados com a cultura européia. Para estes segmentos, aceitar o samba como música nacional, significava internamente "misturar-se ao povo" que tanto rejeitavam e externamente admitir um Brasil atrasado, primitivo inferior às nações desenvolvidas. Por isso pessoas como Magdala tentavam a todo custo rechaçar o samba como identidade nacional. Esta é, portanto, uma longa história que não termina nos anos 30, ou nos 40 e tão pouco nos 50. Apesar de nos anos 60 a bossa nova aproximar os mais elitistas da canção popular, a letra da composição de Haroldo Barbosa não perde a sua contemporâneidade, pois as fronteiras sociais, apesar de todo o hibridismo reinante na cultura de massa, continuariam se perpetuando simbolicamente através da música.

texto de Tania da Costa Garcia, revista
facoM

A "espuma" pt II: sobre a arrogância jornalistica

Um administrador hospitalar, encarregue do “bloco cirúrgico” de um hospital, saberá certamente o nome das cirurgias que são feitas nesse hospital, o custo dos materiais necessários, o tempo que demora está ou aquela operação e até quais são os resultados em termos de mortalidade e morbilidade da operação “X-ectomia”* ou “Y-plastia”*. O administrador em causa poderá ao fim de algum tempo conhecer alguma da terminologia cirúrgica e até - quem sabe- fazer uma ou duas perguntas pertinentes a um, qualquer, cirurgião. Mas, certamente seria um absurdo, uma loucura, pensar-se que estes conhecimentos relativamente superficiais da actividade cirúrgica seriam capazes de habilitar o administrador a entrar ele próprio no bloco e tornar-se o executor de uma qualquer “z-rrafia”*. Seguramente não seria sequer capaz de se desinfectar convenientemente.

Ser-se ou ter-se sido um bom jornalista não fornece instrumentos de legitimidade para se fazer análise politica ou histórica. E este é um dos problemas do espaço de opinião que se vai lendo por aí: O se vê é um pouco o exemplo do administrador supracitado.

Jornalistas transformados em “ analistas de ciência política”. Supostos “jornalistas económicos” já acham que podem fazer crítica e comentário sobre medidas económicas. É assim que prolifera essa cultura de arrogância jornalistica, criticando tudo e todos excepto, claro, eles mesmos.

Alguns mais consciêntes sabem - no fundo sabem, JMF sabe (ler post anterior) – que lhe(s) falta qualquer coisa. Não se sente(m) totalmente seguro(s) do que estão a dizer ou a defender. Por isso escolhem uma figura de referência a quem seguem reverentemente. No caso de JMF é o citado JPP. No caso dos “jornalistas económicos”, escolhem um economista qualquer, prestigiado e disponível, de preferência- porque os jornais são empresas e as empresas têm de ter e aumentar os seus lucros- um "bem neoliberalzinho".

E é também por isso que a discussão da política está ao nível em que está. Porque os jornalistas em geral não são capazes - eles sim – de passar disso mesmo: da espuma. E assim, opta-se pela fuga à análise da questão politica propriamente dita, optando-se antes pela "politiquice", a "politiqueira", a "politiquite", enfim a "politirreia". Os políticos obviamente também são culpados porque no afã de satisfazer os seus desejos de protagonismo mediático, tornam-se subservientes e toleram bem além dos limites do aceitável a arrogância e a falta de respeito dos jornalistas.

Hoje, se calhar em toda a parte, os jornalistas são cada vez mais, pessoas capazes de falar generica e aparentemente (bem) de tudo, sem saberem especificamente algo sobre o que quer que seja. Mas em Portugal há ainda o pormenor inquietante de ser possível o mesmo jornalista que escrevia durante anos sobre jogadores e treinadores de futebol, passar, de um dia para o outro a ser comentador político com direito a coluna diária e tudo.

Em geral um “jornalista económico” sabe tanto de ciência económica como o administrador hospitalar sabe de cirurgia: Nada de relevante. A excepção é obviamente quando o administrador hospitalar era previamente cirurgião, o jornalista económico era economista, ou o jornalista político é um estudioso de ciência politica ( o que não é nitidamente o caso de José Manuel Fernandes).

Uma coisa é o direito a opinião, o estímulo ao comentário, o apreço por"mandar umas bocas" e escrever num blog. Outra bem diferente é ir-se para um espaço televisivo ou para uma coluna de jornal travestido de analista, dotado de supostas características de imparcialidade e objectividade mas, estando na realidade se está a expressar ( de forma mais ou menos intuitiva) uma opinião bem subjectiva e- ainda que de forma disfarçada- apaixonada.

O problema não está, obviamente, em tecer opiniões. Todos mandamos as nossas "bocas" e defendemos os nossos pontos de vista de forma mais ou menos apaixonada. E é assim que deve ser. O problema é que alguns permitem-se fazer passar as suas opiniões sob a capa da "análise objectiva do especialista". Ou seja, ao invés de se argumentar com inteligência ( e já agora, com alguma honestidade), argumenta-se à priori (com a apresentação de um estatuto) que se é (mais) "inteligente" e que isso basta para dar maior "peso" a análise proferida.


*Ectomia, plastia, rrafia – termos médicos que identificam uma acção cirúrgica.
Por exemplo: colectomia parcial –significa retirar por meiode técnica cirúrgica uma parte do cólon
.

A “espuma”: sobre José Manuel Fernandes

José Manuel Fernandes, tem sido, e não é de agora, uma espécie de " amplificador portátil" de Pacheco Pereira. Todas as opiniões que profere - seja sobre o “holograma” Sócrates, até aos elogios à “evolução” e "pragmatismo" de Carvalho da Silva, passando pelas críticas ao Bloco fundamentalmente personalizadas sobre a figura de Louçã, terminando nos comentários sobre a “maior fiabilidade do PCP para um hipotético futuro governo”- todas, são apenas eco de comentários anteriores de Pacheco Pereira. Quando será que o director do público vai tecer uma opinião, fazer uma análise, deixar uma critica, que não tenha já sido feita por Pacheco Pereira? A única vez em que varia, é quando resolve decalcar os artigos de Fátima Bonifácio

Ouvi-o hoje, na SIC notícias, na sua habitual pose altiva e em tom paternalista dizer que os jovens que votam no bloco de esquerda, fazem-no porque nada sabem sobre a historia deste século e portanto limitam-se a ir atrás das “causas fracturastes que o bloco defende”. “não vão ao fundo, ficam-se pela espuma”, acrescentou.

Segundo JMF os lideres do Bloco têm um passado (ah o trotskismo, sempre trotskismo) pelo qual “ainda não se desculparam” e “continuam a defender velhas ortodoxias.”

Pois deixe-me dizer – lhe, caro JMF, que eu que sou jovem considero o seu paternalismo balofo e o seu menosprezo nada menos do que repugnante. Pensa você ter alguma percepção do que foi a história do século passado, mas acha que marxistas, socialistas e trotskistas devem desculpar-se pelo que foi a era de Stalin e a história subsequente da URSS. Ora aqui está alguém que de facto tem uma percepção clara não só da história do século passado como da do século XIX.
Haja paciência para estes supostos analistas que temos que aturar.

15.2.05


amiri baraka

if they ban your
oom boom ba boom
you´re in deep deep
trouble

Baraka

Wise 1

If you ever find
yourself, some where
lost and surrounded
by enemies
who won´t let you
speak your own language
who destroy your statues
& instruments, who ban
you oom boom ba boom
then you are in trouble
deep trouble
if they ban your
oom boom ba boom
you´re in deep deep
trouble

in "Wise Why´s Y´s" - Amiri Baraka


Bobby Mcfferin (foto de Mark Wohlrab)

circle songs, like rivers...
rivers....rivers
Reverse


Cassandra Wilson ( foto de Mark Wohlrab)

I´ve known Rivers
Ancient, dusky rivers
and my Soul as grown deep like Rivers

14.2.05

On "The Negro Speaks of Rivers"

Arnold Rampersad


With its allusions to deep dusky rivers, the setting sun, sleep, and the soul, "The Negro Speaks of Rivers" is suffused with the image of death and, simultaneously, the idea of deathlessness. As in Whitman's philosophy, only the knowledge of death can bring the primal spark of poetry and life. Here Langston Hughes became "the outsetting bard," in Whitman's phrase, the poet who sings of life because at last he has known death. Balanced between the knowledge of love and of death, the poetic will gathers force. From the depths of grief the poet sweeps back to life by clinging to his greatest faith, which is in his people and his sense of kinship with them. His frail, intimidated self, as well as the image of his father, are liquidated. A man-child is born, soft-spoken, almost casual, yet noble and proud, and black as Africa. The muddy river is his race, the primal source out of which he is born anew; on that "muddy bosom" of the race as black mother, or grandmother, he rests secure forever. The angle of the sun on the muddy water is like the angle of a poet's vision, which turns mud into gold. The diction of the poem is simple and unaffected either by dialect or rhetorical excess; its eloquence is like that of the best of the black spirituals.

From Arnold Rampersad, The Life of Langston Hughes, Vol. 1. Oxford University Press, 1988.


Jean Wagner

Unlike Countee Cullen, and perhaps because he was the only poet of the Negro Renaissance who had a direct, rather disappointing contact with Africa, Hughes rarely indulges in a gratuitous idealization of the land of his ancestors. If, in spite of everything, the exaltation of African atavism has a significant place in his poetry up to 1931, the reason is merely that he had not yet discovered a less romantic manner that would express his discomfort at not being treated in his own country as a citizen on a par with any other. If he celebrates Africa as his mother, it is not only because all the black peoples originated there but also because America, which should be his real mother, had always behaved toward him in stepmotherly fashion.

From Black Poets of the United States. Copyright 1973 by the Board of Trustees of the University of Illinois.



George Hutchinson

Readers rarely notice that if the soul of the Negro in this poem goes back to the Euphrates, it goes back to a pre-"racial" dawn and a geography far from Africa that is identified with neither blackness nor whiteness--a geography at the time of Hughes's writing considered the cradle of all the world's civilizations and possibly the location of the Garden of Eden. Thus, even in this poem about the depth of the Negro's soul Hughes avoids racial essentialism while nonetheless stressing the existential, racialized conditions of black and modern identity.

From The Harlem Renaissance in Black and White (1995)Copyright 1995 by the President and Board of Fellows of Harvard College.


Fonte

THE NEGRO SPEAKS OF RIVERS, By Langston Hughes

I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older than
the flow of human blood in human veins.

My soul has grown deep like the rivers.

I bathed in the Euphrates when dawns were young.
I built my hut near the Congo and it lulled me to sleep.

I looked upon the Nile and raised the pyramids above it.
I heard the singing of the Mississippi when Abe Lincoln
went down to New Orleans, and I've seen its muddy
bosom turn all golden in the sunset.

I've known rivers:
Ancient, dusky rivers.

My soul has grown deep like the rivers
.


1922

Louçã ( Dedicado a direita e as esquerdas que lhe chamam moralista e arrogante. )

José Sócrates é de esquerda?

- Penso que sim. O PS define-se como sendo de esquerda, quem sou eu para dizer que não.

- (sobre o governo de Guterres) tiveram medidas de esquerda, mas depois aliaram-se à direita.

O Bloco poderá entrar no futuro governo?

- Não.

E porquê? O que é preciso para que o bloco faça parte de um governo?

- Que tenha uma representatividade maior do que aquela que tem actualmente.Só assim terá essa legitimidade

Mas se tiver 6 ou 7 % não considera suficiente?

- Com certeza que não.

Há analistas que dizem que o bloco tem receio de entrar num governo porque tem medo de prestar contas.

- Todos os políticos, no governo ou na oposição têm de prestar contas. Isso é uma condição para que haja decência no exercício da política.

(sobre o referendo sobre a despenalização do aborto). E se o resultado for o mesmo?

- Respeitaremos.

Aonde é que estava com a cabeça quando disse que Paulo Portas não tinha o direito de falar de vida

- Já admiti que essa foi uma frase infeliz. Proferida no no calor do debate. O que não admito é que lhe atribuam significados que eu repudio completamente.

Espero que repitam os 5 minutos que duraram a entrevista. Considero que foi muito boa.

13.2.05


Jean-Paul Bourelly: tranquilamente explosivo. Posted by Hello


Boom Bop e Trance Atlantic (Boom Bop II). Os novos caminhos de Jean-Paul Bourelly Posted by Hello

"BOOM BOP": o bom bop de Jean-Paul Bourelly

Depois dos promissores mas hesitantes anos iniciais, Jean-Paul Bourelly, guitarrista profundamente influenciado por Hendrix, começa a encontrar o seu caminho.

Vibe Music já mostrava que vinham aí novos caminhos. Com
o disco “Boom Bop” e a sua sequela “Trance Atlantic (Boom Bop II)” pode-se ouvir a interessante proposta resultante da súmula de todas as influências de Bourelly: Desde Coltrane ( e todos os discípulos) , até ao movimento M-Base, passando por James Brown e Fela Kuti. Bourelly apesar de dominar as estéticas “rock” e “funk” e de conhecer a linguagem “Jazz”, é essencialmente um guitarrista de Blues, como eram Hendrix e Wes Montgomery. POrque assim é, a sua forma de tocar não modou. O que mudou (para melhor) foi toda a música que ele cria e comanda a sua volta.

As influências acima referidas tornam-se ainda mais evidentes ao olharmos para os participantes: desde os “coltraneanos” Archie Shepp (sax) e Reggie Workman (contrabaixo), ao “M-Baseano” Reggie Washington (baixo eléctrico) e os "vanguardistas" Henry Treadgill (sax) e Joseph Bowie (trombone). participam também Denis Chambers e Will Calhoun (bateria), Big Royal Talamacus (instrumento designado por filtered boom bass) e Carl Bourelly (teclados). Destaque especial para a participação (quase parceria no primeiro disco) do baterista, percussionista e cantor senegalês Abdourahmane Diop. De Africa vêem ainda os percussionistas Samba Sock (Senegal) e Siaka (Gambia).

Boom Bop representa um “bop” pesado, explosivo, denso, modal, e Afro ( afro-americano e africano). E por isso se percebe que Bourelly continue a apresentar-se como um músico comprometido com os movimentos afro-americanos que visam não só a preservação e promoção do património cultural herdado mas também uma interacção com essa imensa Africa. Idealizada mas desconhecida para a maioria dos artistas e intelectuais afro-americanos.


Site de Jean-Paul Bourelly

Proibir a Foice e o Martelo?

A Comissão Europeia rejeitou uma proposta de proibição de símbolos comunistas em todos os países membros da União Europeia (UE).

Um grupo de eurodeputados conservadores de Leste queria aplicar a mesma medida legal às suásticas e aos símbolos comunistas, como o da foice e martelo.

A foice e martelo já é ilegal em alguns dos novos países membros da UE, tal como acontece com a cruz suástica na Alemanha. (!!)

A proibição da foice e martelo era desejada por um grupo de eurodeputados conservadores da Hungria, Lituânia, Estónia, República Checa e Eslováquia. Para o eurodeputado checo Jan Zaharadil, "se decidimos banir um [símbolo totalitário] devíamos decidir banir todos eles." Mas o porta-voz do comissário europeu Franco Frattini disse que seria melhor deixar a iniciativa ao critério de cada país membro da UE.

Na República Checa está a ser preparada legislação que obrigue o Partido Comunista checo a mudar de nome. (!!!!) Um dos dez senadores responsáveis pela proposta de lei, Jaroslav Stetina, considera que o comunismo continua a poder ameaçar a democracia tal como o nazismo


Mas o que é isto? Que mentira é esta? está-se a reescrever a história? iguala-se o nazismo ao comunismo? Que mentira histórica é esta que se começa aqui a tentar elaborar? Staline é comparavel a Hitler? talvez. Mas Staline não representa o comunismo. A maioria dos comunista que conheço rejeitam Staline. Pode-se dizer o mesmo dos Nazis?


Estou completamente de acordo com Miguel Vale de Almeida quando escreve:

Nuno Fernandes Thomaz é uma "maravilha"

Já tinhamos testemunhado as "grandes capacidades retóricas" do Secretário de Estado dos Assuntos do Mar aquando da polémica do barco da organização Women on Waves. Agora, essa mesma mente brilhante, cabeça do lista pelo PP em Santarém conseguiu, com a sua brutal honestidade intelectual, sair-se com esta brilhantes e visionárias declarações:

Sobre a sua ligação a Santarém: "Vou a Fátima, vou a umas toiradas, vim ver uns amigos, mas nada mais"

Sobre como se tornou secretário de estado dos Assuntos do Mar: "Gostava de ir à praia e andar de barco, nada mais"

Sobre os objectivos para desenvolvimento do destrito: "Temos que construir o Museu da Bíblia no norte e no sul um parque temático como a Eurodisney",

Ora digam lá se este senhor não é uma "preciosidade"?

Lembrrei-me de repente das bem aventuranças: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.

Jimmy Smith vai-se

Jimmy Smith, o homem que elevou o órgão ao estatuto de instrumento relevante no jazz, morreu na passada terça-feira, 8 de Fevereiro, na sua residência em Scottsdale, (Arizona), com 79 anos de idade.

Pelo Improvisos ao Sul fiquei a saber que Jimmy Smith morreu


Structure, Hester Welish Posted by Hello

12.2.05

Comparar Louçã a Portas? vamos a isso.

Ultimamente tenho lido muitos comentadores, analistas e quejandos comparar (não no sentido de "confrontar" mas de "igualar") Louçã a Portas. Até ouve quem dissesse que se trata do "Portas da esquerda" e do "Louçã da direita".

Sinceramente, não podia estar em maior desacordo.

Admito que Louçã não tem estado muito feliz nesta campanha. O seu discurso está mais moralista e resvala vezes de mais para uma aparência de arrogância. Poderá também as vezes adaptar-se facilmente de mais à técnica “soundbytizada” de comunicar com e através dos média.

Só que – vamos lá ver se nos entendemos – daí à compara-lo à Paulo Portas vai um mundo….Porquê?

Primeiro: porque Louçã é uma pessoa convicta das suas ideias – concorde-se o não com elas - e que só está na política por isso mesmo. Ora, convicção e idealismo, nos tempos que correm – onde o que não é oco, parece ser simplesmente um exercício intelectual ou tecnocrático – é coisa cada vez mais rara na política portuguesa. Louçã nunca mudou de discurso por mera conveniência oportunista. Por exemplo, não passou de "anti-europeista", a "euro-calmo" e finalmente a "euro-entusiasta". Portas é o exemplo de pessoa convicta… de que quer ter visibilidade politica.
Tudo o resto (incluindo as ideias e a convicções) são “coisas” pouco importantes.

Segundo: Louçã é um quadro preparado, que sabe do que fala, e que geralmente, quando fala de matéria económica e/ou fiscal, fá-lo bem. Aliás não costumo ver muita gente capaz de em debate o contradizer nestas matérias.


Já Portas é um “sofista” que não consegue falar com o mínimo de profundidade de nada. Absolutamente nada. É uma “máquina” debitadora de "soundbytes". Quando atira “números” ou “factos”, percebe-se facilmente que foram decorados em cima da hora, para o monólogo previamente agendado. Já agora uma pergunta: porque razão o discurso de Santana está sempre a ser analisado ao microscópio electrónico e o de Portas é tolerado como sendo algo simbiótico e comensal à vida política portuguesa?

Terceiro: Louçã é um deputado activo e dedicado. Dos melhores que o parlamento tem. Mais: o "seu" "grupelho radical" (designação de Pacheco Pereira) tem apresentado trabalho na assembleia (apresentando propostas- que são frequentemente reprovadas apenas por virem de onde vêem- mas mais tarde disfarçaadamente repescadas, propondo debates e contribuindo em propostas de outros). Tivessem todos os deputados- com as suas diferenças idelógicas- a mesma qualidade dos deputados do BE.

Quarto: Louçã é leal. Nunca tentou nem consumou o "assassinato político" de adversários ou aliados. Por exemplo não tentou assassinar politicamente Cavaco, Leonor Beleza, Manuel Monteiro, Marcelo Rebelo de Sousa.

Quando se compara Portas a Louçã o que se faz é legitimar o tipo de politiquice que o primeiro faz. Continuem fazendo-lhe esse grande favor e depois queixem-se.

O problema da política portuguesa e do seu comentário político é o mesmo de sempre: memória. Alimentos ricos em fósforo, cálcio e ferro, recomendam-se fortemente. Feijão e espinafres, por exemplo.



Pedido Abre-surdo: Agora que "já fiz propaganda ao BE", posso votar na CDU?

coisas translúcidas ( ideologia e medo), Por Joel R.

O mundo em que vivemos transporta-nos para um cinismo ideológico confuso, mas gritante e generalizado. Hoje, verifica-se que o mundo está subalternizado à Potencia das Potências não só por causa do seu poderio militar, mas também pelo modelo económico aí adoptado que se pretende seja entendido por todos como o único democrático. A “síndrome de Estocolmo” tem funcionado em pleno vigor e as ameaças aos desobedientes e maus alunos são conhecidas.

O que então sobra aos ideólogos partidários (leia-se políticos)? Agarrarem-se à ciência como matéria justificativa de uma política de medo. Ora, só a economia sintetiza as outras ciências naquilo que elas têm de social. E nesse entendimento não vejo diferenças substanciais nos partidos políticos da Europa.
De facto, no caso de Portugal qual a diferença substancial entre o Bloco de Esquerda e o PP? Qual a diferença ideológica entre o PPD/PSD e o Partido Comunista? E entre qualquer destes e o PS? Será talvez a questão aborto e enquanto este não for ‘’economicamente’’ rentável. Bastaria que houvesse uma especialidade medico-abortativa com Ordem própria e tudo que trouxesse a Portugal todas as senhoras do mundo com essa necessidade, teríamos muito possivelmente o Paulo Portas a advogar o aborto como meio de salvar vidas e na defesa da criação de um "Ministério dos Abortos".

Repara que o PP (Paulo Portas) diz que salvou cerca de 2000 postos de trabalho nas OGMA, PSL, afirma em pleno Parlamento que surpreendeu a esquerda por ter oferecido aquilo que a esquerda sempre desejou. O PS diz agora que vai mandar para a rua 75.000 funcionários públicos e o PCP e BE defendem a criação de pequenos e médios empresários como formula para salvar Portugal. O PCP defende a produção de carros de combate na Bombardier. Não parece estar tudo ao contrário? Onde estão os antigos alicerces, valores e fronteiras entre Esquerda e Direita?

Na minha opinião, e nestas circunstâncias uma fusão de todos os partidos seria não só útil mas desejável e necessária. E digo isto por que sairia mais económico, pois reduzia-se o número e custo dos salários, os benefícios dos deputados, funcionários parlamentares e do Governo. Seria mais salutar porque o fígado de todos os portugueses beneficiaria com as gargalhadas que sempre provocam os argumentos e trapalhadas de SL. Assim os assuntos a discutir poderiam ser mais transparentes e de ordem diversa como por exemplo o casamento entre homossexuais, a proibição da produção de vinagre (que cria o azedume e azia) e por contrapartida aumento da produção de insecticidas (para o caruncho).
Podia-se ainda vetar a produção e/ou importação de vídeo e/ou áudio cassetes.

Em Africa ou pelo menos em Angola, as coisas são mais translúcidas. Com medo de qualquer adjectivação do que foram no passado, dos 220 partidos Angolanos, nenhum se afirma de direita ou de esquerda. Isso foi no tempo da guerra-fria. Hoje são todos partidos de uma palavra que rima com esquerda. O medo e o aproveitamento ideológico fazem com que alinhem com a síndrome mundial potenciando apenas o aproveitamento daquilo que a neo-liberalização trás de pior.

Finalmente, deixa-me dizer-te, estou crente que a economia é comparável à energia atómica. Da mesma maneira que esta depende das mãos que a controlam, a economia é suficientemente perigosa para deixa-la apenas nas mãos dos economistas, sejam eles tecnocratas ou políticos de direita ou de esquerda. Enquanto ciência, a economia não tem laboratórios experimentais nem de análise prévia. Qualquer erro será dramaticamente pago, a curto ou a longo prazo, pela sociedade onde a experiência se aplicou. Acredito que o melhor, para a economia e para os economistas, é deixar que estes sejam apenas os sintetizadores daquilo que as diversas politicas e políticos têm para fornecer àquela.

Ao inverso, aqui em Angola, nos trinta anos de independência, apenas quatro dos doze que ministraram a economia eram economistas. E que resultados obtivemos….

Um abraço
Joel Rodrigues.

Na estou de acordo com tudo o que o "kota" Joel escreve.

Acredito que ainda há diferenças ideológicas entre os partidos de esquerda e direita. Diferenças profundas. Já acredito menos nas diferenças entre o PS e o PSD. Há uma diferença que é apenas relativa a este momento histórico: Seriedade e Credibilidade: O líder actual do PSD não tem nenhuma das duas. Mas isto é algo restrito a este período que se vive. Passado este epifenómeno, voltarão a ser dois partidos diferentes naquilo em que são iguais.

Em alguns casos acho que alguns "dados" foram mal interpretados. Por exemplo o PS não disse que ia mandar para a rua 75.000 funcionários públicos. Disse é que iria apenas admitir na função pública metade do numero daqueles que se reformassem.

Estas críticas e desacordos não invalidam a meu ver o interesse do texto.


Descansando os Olhos: Splendid, Jill-Ann Cherofsky Posted by Hello

10.2.05

Da "banda" ... em três notícias "culturais"

Do Carnaval de Luanda:

Exibição da comunidade israelita impressiona público na marginal

Com o tema "paz e alegria", a comunidade israelita em Angola foi o bloco comunitário presente no desfile de hoje, em Luanda, primeiro dia de exibição do carnaval 2005. Foi um dos agrupamentos mais elogiados e que fez dançar o público presente na Marginal.

Com indumentárias coloridas a branco e azul,
os israelitas aprentaram um estilo de dança em que os ritmos da sua terra e os de Angola se misturavam, para a alegria dos presentes na avenida 4 de Fevereiro.

Esta comunidade contou, no seu desfile, com a presença de integrantes do grupo de dança "As Gatas" e a companhia Cussanguluca, que com os israelitas perfizeram um total de 70 pessoas no bloco de animação.


Passaram ainda pela tribuna da Marginal, as comunidade de Cabo-Verde, Moçambique e Vietname.

Esta é a segunda vez que a comunidade israelita participa nas festividades do carnaval em Angola.

Entretanto

Robertinho afinal ainda canta. Só que continua com a mesma luta de sempre: conseguir editar discos. Apenas 1 em 13 anos. Desta vez, mais uma vez, o patrocinador parece estar hesitante. Mais incrível é que na gravação participa outro "zombie" vindo directamente dos anos 80: Proletário, que imagine-se..... não mudou de nome artístico


Agora coisas mais sérias:

Wisa apresentou o seu disco "Africa Yaya": Totalmene cantado em Kikongo e no estilo Kilapanga e com a participação de outros músicos nacionais como Dalú Rogée e Xico Santos (percursão), Mário Furtado (pratos), Moreira Filho, Wando Moreira ( baixo), Nelas D´Som (guitarra) e Pirica (violão).


Ciclo Contrabaixo: Steve Swallow by ááMark Wohlrab
 Posted by Hello

Coisas Lidas 4 (da campanha)

No delineamento rígido e opaco de Sócrates, no seu discurso regido por pontos principais debitados quase mecanicamente, em efeito cassete, sem características humanizadoras que o aproximem do comum dos mortais. E, no reverso da rigidez e opacidade de Sócrates, na aparente transparência de "homem comum" de Santana Lopes, insistindo no bom senso mais medíocre, falando pausadamente, como se todas as suas palavras tivessem importância e profundidade, mas não fazendo mais do que transmitir em termos vagos e formulações dispersas a noção do peso, da opressão e da inércia do mundo, como se este se estivesse lentamente petrificando e não fosse susceptível de transformação.

Alexandra Barreto no Público

Coisas Lidas 3 (da campanha)

(+)

Jerónimo de Sousa procurou catapultar a questão da imigração para a refrega eleitoral. Não deixa de ser meritória a iniciativa, considerando que é diminuta a possibilidade de a CDU capitalizar votos numa comunidade clandestina.

(-)

A correria desenfreada de Louçã e Portas pelas ruas do Bairro Alto, anteontem à noite, para chegar a tempo dos directos de duas estações de televisão, realizados no Calhariz. O Bloco critica os seus adversários pelas acções de campanha encenadas para as televisões, mas agora optaram por mimetizar o fenómeno

Coisas Lidas 2 (da campanha)

Portas "moderado", Portas "tolerante", Portas "sereno", Portas que acabou de "adquirir sentido de Estado". Sabe mesmo quem é este homem? É Paulo Portas reformulado, através da nova estratégia de captação de votos à classe média e ao eleitorado central.

O CDS refundou-se mais uma vez (!), a tempo de disputar votos no terreno tradicional do PS e do PSD [...] (!!) Uma análise de semiótica comparada entre os velhos e novos discursos de Paulo Portas dava um trabalho académico: os outrora "espoliados do Ultramar" são agora "milhares de portugueses que vieram de África muitas vezes sem nada"(!!!); os imigrantes que disputavam os postos de trabalho são hoje "cidadãos integrados por obra do CDS"(!!!!????) e Portugal um notável país que "acolheu comunidades imigrantes". [...] O combate à despenalização do aborto é um "valor", mas claramente já não é um combate diário (!!!!)


Acredite quem quiser ou tiver problemas de memória.
( não vale sequer a pena elogiar a qualidade da "peça" jornalistica)


O que o congresso do PS rejeitou em absoluto foi a hipótese de alianças à direita. Tal está expresso na moção de José Sócrates. É inútil congeminar novos blocos centrais ou novas alianças ao CDS/PP. Não passarão.

Manuel Alegre in "para desfazer equívocos" publico no Público 9/02. Aparentemente não disponível na versão digital.

Ora aqui está alguém que não tem falta de memória. Só que.... José Socrates parece ter.

Coisas Lidas

EUA

(1)Religiosos Contra a Política Ambiental de George W.Bush


A frustração com a política ambiental da Administração de George W. Bush é patente tanto nas igrejas como nas sinagogas, tal como se denota numa declaração assinada por mais de 1000 dirigentes religiosos de 35 estados norte-americanos.
[...]
Numa conferência realizada no mês passado, alguns dirigentes católicos, protestantes e judaicos surgiram com a ideia de uma forte declaração sobre o ambiente, para avisar a Casa Branca e os congressistas republicanos de que há limites para o apoio que podem esperar da comunidade religiosa, disse Paul Gorman, director da Parceria Religiosa Nacional para o Ambiente, aliança de organizações católicas, protestantes, evangélicas e judaicas.

A declaração opõe-se, designadamente, à política de Bush quanto ao aquecimento global e às emissões tóxicas das centrais nucleares a carvão. O Conselho Nacional das Igrejas está a fazer circular o documento entre 250 mil dirigentes religiosos e laicos de todo o país.

(2) Pentágono Pagou a Jornalistas para Influenciarem a Opinião Pública
O Pentágono financia "sites" informativos nos Balcãs e no Magrebe, pagando indirectamente a jornalistas pelo seu trabalho, prática que está agora a ser alvo de uma investigação oficial, na sequência de uma reportagem da CNN sobre o assunto.

....... ........

ONU

Brasil, Índia e África do Sul preparam "nova liderança do Sul" no principal órgão executivo das Nações Unidas, em alternativa ao unilateralismo dos EUA. Os brasileiros foram os que mais abertamente assumiram a iniciativa e os que há mais tempo aspiram ao lugar. Os próximos meses deverão ser decisivos, com a expectativa de uma grande reforma das estruturas e cargos de decisão dentro da ONU




é necessário transcender o capitalismo

[...]De forma jocosa e irônica, com direito a piadas e anedotas – a atual secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleeza Rice, por exemplo, transformou-se em "Condolência Rice" – o presidente venezuelano demarcou o território político e ideológico que separa o seu governo e o de George Bush. "O imperialismo temos que chamá-lo com seu verdadeiro nome: im-pe-ria-lis-mo", disse, acentuando cada uma das sílabas. "E nós somos antiimperialistas".

As relações políticas entre Venezuela e Estados Unidos, segundo o próprio Hugo Chávez, são "tormentosas". Os países mantêm suas embaixadas abertas e não deixaram de estabelecer relações comerciais em nenhum momento. Mas desde que, meses após o golpe de Estado sofrido pelo presidente venezuelano em abril de 2002, foram divulgados documentos que comprovam o envolvimento de Washington na articulação golpista, as relações, que já não eram amistosas, se deterioraram por completo.

Durante a coletiva, Chávez afirmou que "é necessário transcender o capitalismo". De acordo com a análise do presidente venezuelano, no marco do modelo capitalista será impossível solucionar os graves problemas de pobreza da grande maioria do mundo. "Não há solução dentro do capitalismo. Tampouco se trata de estatismo, de capitalismo de Estado, que seria a mesma perversão soviética, que foi a causa de sua derrocada. Temos que reivindicar o socialismo como tese, como projeto, como caminho. Um outro socialismo, que ponha o homem e não a máquina em primeiro plano, que enfoque o ser humano e não o Estado", discursou.



[...] Chávez defendeu que é preciso recuperar certas palavras. E citou o exemplo da igualdade. "Esse é um termo que temos que recuperar", defendeu. "Há várias palavras que foram engavetadas. Quase ninguém falava mais delas. Temos que começar a falar essas palavras, temos que começar a levantá-las como bandeira de luta. Você ouve o presidente dos Estados Unidos falar em seu discurso cinqüenta e tantas vezes em "freedom"[...] "
Eles falam de "freedom", "liberty", mas não falam em nenhum momento em igualdade"

enviado pelo Horácio
ler a reportagem de André Deak e Rodrigo Savazoni na revista Novae


Ciclo Contrabaixo: Henri Texier, foto de Mark Wohlrab.

Ver mais fotografias de Mark Wohlrab




guerra da água, por Leonardo Boff

[...]

Vigora uma corrida frenética de grandes multinacionais para privatizar a água, transformá-la em recurso hídrico e em mercadoria com a qual se pode ganhar muito dinheiro. Cuidou-se para que fosse demolida a compreensão humanística e ética de que o acesso à água fosse direito humano fundamental. Conseguiu-se que fosse reduzida a uma necessidade como qualquer outra, cuja satisfação deve ser encontrada no mercado. Foi o que, efetivamente, declarou o Segundo Fórum Mundial da Água em 2000: a água não é mais um direito inalienável, mas uma mera necessidade humana.

Agora começou uma guerra ferrenha pelo controle do acesso à água potável. Quem controla, detém um poder de vida ou de morte sobre milhões e milhões de pessoas. Hoje 1,6 bilhão de pessoas tem grave insuficiência de água e em 2020 serão 3 bilhões numa humanidade com 8 bilhões de pessoas. Estas poderão ver negado o acesso à água porque não terão como adquiri-la e estarão sob risco de vida.



Ler texto na integra, na fonte do Horácio ou na revista Novae